quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Fazendeiro nega participação em crime

Vicentinho pretende esquecer a amargura do cárcere e tocar a vida


Pela primeira vez, desde que foi solto, no início desta semana, o fazendeiro Vicente Corrêa Neto, o Vicentinho comentou ontem à tarde que não tinha nenhum envolvimento com o homicídio cuja vítima foi o líder sindical Valdemar Barbosa de Oliveira, o Piauí 55, morto a tiros no dia 25 de agosto do ano passado.
A entrevista foi acompanhada pelos advogados, Wandergleisson Fernandes, Socorro Abade, Arnaldo Ramos Barros Júnior e José Diogo de Oliveira Lima e o Vicentinho foi enfático em comentar que sequer conhecia o líder sindical.
Negou também que Piauí tivesse a intenção de liderar uma ocupação à fazenda Califórnia, de propriedade dele, em Jacundá, sudeste do Pará.
Confirmou que esta propriedade foi ocupada em 2009, contudo foi reintegrada, uma vez que mesmo que quisesse não poderia ser desapropriada pelo Incra, pois está abaixo do módulo rural previsto pelo Incra para desapropriação.
“Na época em que a fazenda foi ocupada, fui até o Incra com o sem terra conhecido por Maradona e fomos informados que a fazenda não poderia ser desapropriada porque estava abaixo do módulo rural”, acrescenta.
Desde então, segundo Vicentinho, não se tinha informação que se pretendia ser ocupada novamente, com isso não conhecia e nunca conversou com o Piauí.
Homicídios – Para o pecuarista, que negou desde o começo o crime, o líder sindical pode ter sido morto em crime de vingança.
“Quando estava preso, ouvi de um detento que o Piauí tinha matado quatro pessoas em Parauapebas, inclusive respondia a dois processos por homicídio”, informa.

De sua parte, o advogado Arnaldo Júnior reformou a tese de que a Polícia poderia ter investigado mais e descoberto que o Piauí tinha tais processos por homicídios e quem sabe poderia ter descoberto o verdadeiro mandante.
“Infelizmente se parou na primeira hipótese, pois disseram que o Piauí tinha sido morto a mando de um fazendeiro, porém não foram atrás checar quem seria esse fazendeiro”, conclui.
Neste caso figurou como acusados de ter matado o líder sindical Diego Pereira Marinho e  Valdenir Lima dos Santos o Velinho, este foragido.

Tanto o pecuarista, quanto estes dois acusados foram beneficiados por decisão do juiz titular da Vara de Violência Doméstica, Murilo Lemos Simão, que impronunciou os acusados em sentença prolatada nesta segunda-feira, ou seja, o juiz entendeu que não houve indício suficiente de participação dos três no crime.

Sindicalistas no corredor da morte

Laísa Sampaio encabeça lista de marcados para morrer




Nessa semana, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) torna público um diagnóstico sobre a situação de lideranças e trabalhadores rurais ameaçados de morte nas regiões sul e sudeste do Pará. O levantamento foi realizado durante o período de janeiro a junho de 2012 e constatou a existência de 38 pessoas ameaçadas nas duas regiões.
Já foram protocalados cópias do diagnóstico no Ministério Público Federal, Delegacia de Conflitos Agrários, IBAMA, Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho entre outras instituições.
No documento, a CPT além de refletir sobre alguns elementos da conjuntura atual da reforma agrária, fez, em cada caso de ameaça, uma breve descrição do conflito e das medidas que estão sendo tomadas ou não pelas autoridades competentes. Além disso, o relatório aponta a situação em que se encontra cada pessoa ameaçada.
O desmonte da reforma agrária, impunidade, ineficiência na defesa do meio ambiente são umas das questões apresentadas no documento, como sendo as causas estruturais das ameaças.
No final a CPT elenca uma série de recomendações às principais instituições públicas envolvidas direta e indiretamente, na proteção dos ameaçados, do meio ambiente e da garantia do estado de direito, como DECA, INCRA, MPF, MPT, JT, MPE, IBAMA, entre outros.
Entre as lideranças ameaçadas Laísa Santos Sampaio, irmã da ambientalista, Maria do Espirito Santo, assassinado no dia 24 de maio do ano passado juntamente com o marido dela, José Claudio Ribeiro da Silva.
Além do líder sindical “Zé Rondon” (Nova Ipixuna), Joacir Fran (Conceição do Araguaia), José Rodrigues de Souza (São Félix do Xingu) e Domingos Alves da Silva (Breu Branco).


A dura realidade do sul e sudeste do Pará

Nessa parte da Amazônia, diversas ameaças de morte feitas por grandes proprietários de terras, madeireiros e carvoeiros foram cumpridas. O documento cita algumas das mortes anunciadas, como as de José Dutra da Costa, o “Dezinho”, Pedro Laurindo, José Pinheiro Lima, José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva. Todos já haviam informado às autoridades as ameaças que sofriam.
Só no estado do Pará, entre 1996 e 2010, segundo os dados da CPT, 799 trabalhadores rurais foram presos, 809 foram ameaçados de morte e 231 assassinados. Nesse mesmo período um total de 31.519 famílias foram despejadas ou expulsas de 459 áreas reivindicadas para assentamentos.
Em 2011, 39 trabalhadores rurais foram presos nesse estado, 133 foram agredidos, 78 foram ameaçados de morte e 06 sofreram tentativas de assassinato. Nesse mesmo ano, 12 trabalhadores rurais foram assassinados, sendo que 10 destes moravam e desenvolviam as suas atividades agrícolas e sociais no sul e sudeste paraense.
Hoje, nessa região do estado, existem cerca de 130 fazendas ocupadas por, aproximadamente, 25 mil famílias de trabalhadores rurais sem terras, abrangendo uma área superior a um milhão de hectares. Estas famílias esperam, desde meados dos anos de 1990, para serem assentadas em lotes da reforma agrária. Nos últimos anos, milhares de migrantes continuam chegando à região em busca de trabalho e de melhores condições de vida, atraídos pelas propagandas governamentais e do setor de mineração. Na medida em que não conseguem ser absorvidos pelo mercado de trabalho, estes são “empurrados” para novas ocupações urbanas ou rurais, submetidos a situações de grande exclusão e violência. Assim, na medida em que os conflitos pela terra persistirem, a tendência é a continuidade da violência contra os trabalhadores rurais. Onde os conflitos não são resolvidos pelos poderes públicos e a impunidade permanece, os trabalhadores rurais e lideranças de áreas de ocupações e de acampamentos continuam vivendo em situação de vulnerabilidade e correndo sérios riscos.
As informações apresentadas no documento são resultado do levantamento que as equipes da CPT do sul e sudeste do Pará conseguiram reunir a partir de seu trabalho junto aos trabalhadores rurais e suas lideranças ameaçadas de morte ou em situação de risco, de diversos acampamentos de famílias sem terra e de Projetos de Assentamento da Reforma Agrária.

Cadeirantes podem fechar SMS

Cadeirantes tentam receber medicamentos obrigatórios da SMS 


Cansados de esperar pela entrega de medicamentos obrigatórios, que devem ser fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), cadeirantes vinculados à Uniforças podem realizar um protesto contundente no início da próxima semana.
Segundo o vice-presidente da entidade, Luís Claudio Dias Cordeiro, o Cacá, os cadeirantes estão abandonados, uma vez que não conseguem obter os medicamentos em tempo hábil e muitos deles passam por diversos problemas de saúde.
“A situação é desesperadora, pois muitos de nossos companheiros  estão passando dificuldades e não conseguimos os medicamentos”, comenta.
Os cadeirantes vêm tentando obter tais medicamentos desde outubro do ano passado sem, contudo conseguirem obter os medicamentos. A situação capenga é de conhecimento público, sobretudo da comissão de saúde da Câmara Municipal de Marabá (CMM) Miguel Gomes Filho (PP), Vanda Américo (PSD), Alécio Stringari (PSB) e Júlia Rosa (PDT).
Esta mesma situação foi denunciada pela Uniforças no dia 16 de julho deste ano, durante audiência em que se discutia, na CMM a situação da administração municipal.
Naquela ocasião, os cadeirantes denunciaram que nas reuniões com o secretário de saúde, Nilson Piedade, este se compromete em entregar os medicamentos, contudo não o faz em tempo hábil.
Assim o protesto pode ganhar contornos de protesto de alcance nacional uma vez que a intenção dos cadeirantes é dar visibilidade ao problema deles com mais ênfase.
por meio de nota a
A Secretaria Municipal de Saúde informa que realizou a compra soa medicamentos obrigatórios (farmácia básica) por meio do pregão eletrônico nº 44/2012. Os contratos já foram assinados e a SMS está aguradando o cumprimento dos mesmos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Pistoleiros e fazendeiros livres

Velinho não esperou a decisão judicial e fugiu do CRM

Diego negou tudo e alegou que foi torturado

Vicentinho alegou que nem conhecia o líder sindical ...

Piauí, assassinado em Marabá 


De nada adiantou o esforço da Polícia Civil de prender dois acusados de pistolagem, Valdenir Lima dos Santos o Velinho, 28, Diego Pereira Marinho 19 anos e o pecuarista Vicente Corrêa Neto, o Vicentinho, presos no final de novembro do ano passado.
Este último estava sendo apontado como o contratante os dois acusados de pistolagem e ter encomendado a morte do líder sindical Valdemar Barbosa de Oliveira, o Piauí 55, morto a tiros no bairro São Félix em Marabá no dia 25 de agosto do ano passado, na BR-222.
O juiz titular da Vara de Violência Doméstica, Murilo Lemos Simão acolheu os argumentos dos advogados: Wandergleisson Fernandes, Socorro Abade e Arnaldo Ramos de Barros Júnior e entendeu que não houve indício suficiente de autoria, ou participação dos réus neste crime.
assim o magistrado decidiu com base no artigo 414 do Código de Processo Penal (CPP) e relatou: “Diante da inexistência de indícios suficientes de autoria, ou de participação, impronuncio os réus Diego Pereira Marinho, Valdenir Lima dos Santos e Vicente Corrêa Neto, acusados do crime de homicídio qualificado perpetrado contra a vítima Valdemar Barbosa de Oliveira”, relata o magistrado em sentença que foi promulgada nesta segunda-feira.
À época das prisões, a Polícia montou um grande aparato policial que envolveu diversos delegados e investigadores, contudo a soltura dos acusados soa como frustração.
Os dois acusados, segundo os policiais que participaram da prisão, teriam cometido diversos homicídios em Marabá e região, contudo o magistrado acolheu diversos depoimentos e não encontrou nenhum indício da participação na morte do líder sindical, bem como em outros crimes que por ventura tenham cometido.
Um dos acusados, o Velinho está foragido do Centro de Recuperação de Marabá (CRM), desde o dia 5 de março.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

PF estoura esquema de propina no Pará

Motorista tem de pagar R$ 50,00 senão tem caminhão aperendido
Lista com os pagamentos e as barreiras policiais

Durante abordagem de rotina a caminhoneiros que transportam carvão vegetal para siderúrgicas do Distrito Industrial de Marabá (DIM),  no final do mês de julho agentes da Polícia Federal detectaram indícios de cobrança de propina em barreiras do Pará.
Folhas de uma agenda, que estavam dentro de um caminhão, apontavam que o caminhoneiro deveria pagar R$ 50,00 para a Polícia Militar em barreiras montadas ao longo da PA-150, em Tailândia, Goianésia, Jacundá, Nova Ipixuna e em Marabá.
Nestas mesmas barreiras, o motorista tinha de pagar aos fiscais da Sefa, ou Adepará, a quantia de R$ 150,00 para que tivessem acesso livre, mesmo estando com os documentos legalizados para o tranporte de carvão. Ao todo o motorista desembolsava R$ 1.950,00 nas barreiras.
A descoberta aconteceu em função da operação Arco de Fogo, coordenada pelo delegado Antonio Carlos Cunha Sá.
Vale lembrar, porém que a cobrança da propina se estende até mesmo àqueles caminhoneiros que estiverem legalizados, pois caso não paguem ficam retidos nas barreiras, segundo informou o delegado.
“Isso é um achaque, uma vergonha para o estado do Pará, que tolera os maus agentes do sistema de segurança envolvidos em tais crimes”, desabafa o policial informando que o esquema deve ser denunciado às autoridades estaduais a fim de que providências sejam tomadas a fim de coibir tais crimes, bem como identificar os envolvidos.
Em âmbito de Polícia Federal, um inquérito deve ser instaurado a fim de apurar os prováveis envolvidos no esquema, que aparentemente soa como crime de concussão, uma vez que os agentes públicos estariam usando os cargos, ou funções em benefício próprio.