quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Deca investiga ataque à fazenda Cedro

Sede da Cedro foi reduzida a escombros e cinzas ...

Gosolina foi usada para cometer incêndio criminoso

Sede era sinônimo de imponência e está praticamente destruída



Compete à equipe de investigadores liderada pelo delegado Alexandre do Nascimento Silva, titular da Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá tentar identificar quem são as pessoas, que na madrugada desta terça-feira atearam fogo em onze casas e em um trator da fazenda Cedro, zona rural de Marabá.

O ataque aconteceu por volta das 2 horas da madrugada, ocasião em que um grupo de homens, armados e encapuzados, invadiu a sede da fazenda, bem como atacou as casas dos vários moradores. O grupo também promoveu saques diversos de bens e móveis e deixaram pra trás um rastro de destruição nunca visto antes na história de luta pela reforma agrária.

É nesta fazenda, pertencente ao grupo Santa Bárbara, onde um dos acionistas é o banqueiro Daniel Dantas, que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mantém o acampamento Helenira Resende, desde maio de 2009.

Porém a direção estadual do MST, por meio de nota, se adiantou e negou toda e qualquer participação de integrantes nesta invasão à sede da fazenda e se colocou à disposição da Polícia para esclarecer o caso. “O MST defende que a fazenda seja desapropriada pelo Incra e destinada à criação de um assentamento”, resume a parca nota publicada em redes sociais.

Neste primeiro momento a equipe policial deve ouvir os diversos funcionários da fazenda Cedro, para quem sabe tentar identificar eventuais líderes de mais este ato de vandalismo e terrorismo.


Uma perícia foi realizada no imóvel, cujo estrago é visível, tendo em vista que praticamente todos os imóveis foram reduzidos a escombros e cinzas, bem como diversos móveis dos funcionários teriam sido furtados pelos integrantes do bando encapuzado.

Independentemente de o MST, negar ou não participação neste ataque esta não foi a primeira vez que a Cedro sofre esse tipo de ação. Nos últimos dois anos aconteceram diversos ataques naquela propriedade.

A onda de violência se alterna, ora nas casas dos funcionários, ora na matança de bois e vacas. Enquanto os ataques se multiplicam a empresa contabiliza os prejuízos e são pelo menos 3 mil animais mortos neste período. Somente em novembro e dezembro do ano passado, pelo menos mais de 300 animais foram mortos.

Coincidência, ou não, no início desta semana, agentes da Deca, prenderam um casal que transitava pela BR-155, às proximidades da Vila Sororó em uma picape. Dentro desse veículo havia pelo menos 200 quilos de carne congelada.

O casal confirmou aos policiais que tinha comprado a carne de um integrante do acampamento e por esse motivo foi autuado por receptação. 

Um inquérito policial foi aberto para levantar se tal informação tem ou não fundamento e quem sabe identificar quem seria esse acampado que vendeu a carne ao casal.

Apesar das diversas tentativas de contato com o delegado titular da Deca, Alexandre Nascimento Silva não foi possível manter contato com este delegado.



Funcionários confirmam ataques


Vários funcionários da Santa Bárbara foram ouvidos formalmente acerca deste ataque que aconteceu na fazenda Cedro, na madrugada da última terça-feira (12) e confirmaram os momentos de terror e vandalismo que aconteceu naquela propriedade.

A reportagem teve acesso a alguns destes depoimentos, entre eles o do vigilante Erasmo de Sousa Machado. Além de relatar o ataque, ele confirmou que recebeu uma informação acerca de um provável ataque que poderia acontecer naquela madrugada e ficou em estado de alerta, porém por volta de meia noite se recolheu e acabou sendo despertado pelos tiros oriundos do lado de fora da casa, que foi literalmente cercada por um bando armado.

Contou ainda que os integrantes do bando armado mandaram que ele saísse correndo da casa olhando pra baixo, pois iriam atear fogo na casa onde ele dormia, inclusive, alguns destes integrantes chegaram de moto na casa onde ele estava refugiado, sendo que praticamente todos estavam armados com espingardas e carregavam galões com gasolina que usaram para atear fogo nas casas.

Já o vaqueiro Magno Monteiro do Amaral, não só ratifica as informações do colega vigilante como narra o ataque que aconteceu no dia 1º de janeiro deste ano, naquela propriedade.

Naquela ocasião, um grupo armado invadiu o Rancho Americano e efetuou a matança de animais. Naquela ocasião, 29 vacas prenhes foram abatidas, sendo que apenas as carnes nobres foram furtadas.

Ademais, contou Magno do Amaral relatou que todos os pertences dele, bem como móveis foram furtados antes de a casa onde morava ser incendiada, bem como o carro em que ele usou para fugir ao ataque foi alvejado com vários tiros, porém nenhum funcionário da Santa Bárbara foi atingido.



Juiz decretou reintegração de posse da fazenda


Apesar de haver uma negociação de aquisição da fazenda Cedro, cuja propriedade fica a cerca de 50 quilômetros do centro de Marabá, os conflitos se intensificam e mancham o nome do Pará em nível nacional quando o assunto é a reforma agrária.

O ataque mais recente, que aconteceu na madrugada da última terça-feira (12) aconteceu em meio a uma negociação entre o Grupo Santa Bárbara e o Incra que visa a aquisição deste imóvel rural de mais de 10 mil hectares.

E, muito embora esta negociação esteja bastante adiantada, conforme informou uma fonte ligada à Santa Bárbara, os ataques se sucedem causando enormes prejuízos.

Mas nunca é demais lembrar que paralelo a esta negociação, o juiz titular da Vara Agrária O juiz plantonista Amarildo José Mazuti concedeu, ano passado, um mandado de reintegração de posse em favor do Grupo Santa Bárbara.

Essa reintegração, caso seja efetivada este ano pode encerrar esta negociação de aquisição da fazenda por parte do Incra. A reportagem não conseguiu levantar maiores detalhes acerca desta negociação.

Criança morreu de tiro acidental



Um mês após a morte do adolescente João Victor Costa 13 anos, morto com um tiro de espingarda cartucheira, a Divisão de Homicídios de Marabá (DHM) desvendou o crime e informou que o jovem foi morto em tiro acidental.

A afirmação partiu da delegada Raissa Beleboni, titular dessa especializada. Ela contou que um laudo provisório assinado pelo perito Rafael Moraes Rosa auxiliou nessa investigação, uma vez que este crime suscitou diversas dúvidas, sobretudo com relação a um depoimento de um amigo da vítima, um adolescente de 14 anos.

Para quem não se lembra, João Victor morreu no dia 13 de dezembro do ano passado depois de caçar passarinho numa chácara na região da Praia do Meio, zona rural de Marabá.

Naquela ocasião, o adolescente de 14 anos, amigo da vítima, contou à Polícia que um idoso de barba branca apareceu numa praia, quando ambos já se preparavam para ir embora, sendo que este idoso apontou uma arma de fogo e atirou no adolescente João Victor.

Por conta desse crime que teve ampla repercussão em Marabá a DHM, deu início a várias diligências que inclusive resultaram na prisão de dois idosos de barba branca, bem como a apreensão de armas caseiras.

Após as prisões, novamente o adolescente foi ouvido e apontou um dos idosos deles como autor do crime, porém as informações do adolescente eram contraditórias, uma vez que os dois idosos moram bastante longe de onde aconteceu o crime e não são donos da terra onde o jovem morreu, logo não tinham motivos para atirar na vítima.

E por falar em contradição, a policial informou que foram várias deles, sobretudo no tempo de deslocamento entre a Praia do Meio e a Orla de Marabá. Pra se ter uma idéia, o pai do adolescente testemunha ocular, levou pelo menos seis horas num trajeto que geralmente é feito em pouco mais de duas horas.

“Na verdade ele (adolescente de 14 anos) contou uma história fantasiosa, mas as informações não batiam, havia várias contradições, então fizemos as diligências necessárias e o laudo provisório do Iml foi decisivo para elucidarmos o caso”, narra a policial.

O laudo aponta que o tiro foi dado a curta distância, ou à queima roupa, o que derrubou a versão contada pelo adolescente, amigo do João Victor.

Ao fim e ao cabo, o adolescente de 14 anos resolveu contar a verdade e disse que o amigo João Victor morreu em tiro acidental.

Por se tratar de adolescente, a delegada não entrou em maiores detalhes acerca do novo depoimento do jovem, prestado ontem à tarde, porém garante que a vítima morreu de tiro acidental.

O que pode ser dito a respeito desse incidente é que João Victor e o adolescente, testemunha ocular, já estavam dentro do barco rabeta para ir embora depois da caçada aos passarinhos.

Foi neste momento que o João Victor percebeu que havia dentro do barco uma espingarda cartucheira e começou a manusear o artefato de fogo.

Foi neste momento que a espingarda, uma ‘por forra’ disparou e atingiu o rosto da vítima. O laudo confirmou: o tiro foi disparado a curta distância, inclusive atingiu a face da vítima.

A arma foi deixada por esquecimento pelo pai do adolescente de 14 anos. Ele pode responder penalmente por tal desleixo. Por sua vez o amigo do João Victor, aparentemente deve ficar isento de uma eventual sanção, uma vez que aparentemente nenhuma participação no incidente. 



Aposentado do Exercito assassinado





Disputa por lotes em área de invasão pode ter motivado crime que teve como vítima o soldado aposentado da Reserva Remunerada do Exército Brasileiro Eliézio Ferreira dos Reis 47 anos. Ele foi assassinado a tiros na madrugada da última terça-feira em Marabá.

A vítima estava com amigos, próximo de um comércio no bairro Bela Vista, divisa com o bairro Neuton Miranda, comumente chamado de invasão da Infraero quando dois matadores numa moto preta se aproximaram e efetuaram vários tiros.

Uma mulher de prenome Eliene, que seria namorada, ou amante do militar, também foi alvejada no tórax e em uma das mãos. Ela foi socorrida e encaminhada ao Hospital de Guarnição de Marabá (Hgumba) e aparentemente não corre risco de morte. O crime foi testemunhado pela dona de casa Suely Ferreira da Silva que disse ter ouvido seis disparos, porém não é capaz de identificar os matadores.

Uma das hipóteses mais fortes que a DHM deve seguir para tentar elucidar o crime é de conflito interno por conta da disputa dentro da invasão urbana, tendo em vista que há pelo menos dois grupos que disputam o controle da Invasão da Infraero.

Uma fonte bastante segura, ligada à Polícia, informou que a vítima era bastante temida e por conta deste temperamento explosivo, pode ter granjeado um leque enorme de adversários.

A investigação a respeito deste crime está apenas começando, motivo pelo qual a delegada Raissa Beleboni  foi bastante lacônica quanto ao caso.

As poucas informações oficiais a respeito deste crime foi contada pela esposa do militar Sônia Maria Lima dos Reis, que não entra em maiores detalhes acerca dos matadores.