sexta-feira, 15 de maio de 2015

Extrativistas debatem alternativas de sustentabilidade




A II Semana do Extrativismo da Terra do Meio acontece nos dias 17 e 18 de maio, no centro da Reserva Extrativista do Iriri, no sul do Pará, distante um dia e meio de barco ou 400 km, navegando pelos rios Xingu e Iriri. Mais de 150 pessoas estarão presentes, entre representantes dos extrativistas, do governo e de empresas, como a Mercur, maior transformadora brasileira de borracha, que há quatro anos mantém uma parceria com as associações das Resex Riozinho do Anfrísio, Iriri e Xingu, da Terra do Meio.

Também a empresa Wickbold, líder na fabricação de pães especiais, participará do encontro e está prestes a firmar uma parceria com as associações, nos mesmos moldes da Mercur. Além delas, também participam do evento um conjunto de instituições que atuam na região.

O encontro vai discutir novas tecnologias de processamento da borracha, castanha, óleos de vegetais, farinhas, frutas e sementes da chamada cesta de produtos da floresta em pé, desde a mão do extrativista, indígena e do pequeno agricultor até a mão do consumidor. Será uma oportunidade para firmar novas parcerias.

Além dos parceiros comerciais, gestores das unidades de conservação e representante do governo municipal, estadual e federal e organizações atuantes na região, entre elas o ISA, também participam do evento.

Os extrativistas da Terra do Meio respondem atualmente por cerca de cinco toneladas/ano da borracha natural usadas pela Mercur na produção de bolsas térmicas. A parceria comercial estruturada está permitindo garantir preço diferenciado, e uma troca que envolve a valorização e a promoção dessa atividade tradicional de um lado e o aprendizado da empresa quanto ao modo de vida dessas comunidades e sua relação com a floresta.

O óleo de copaíba, tradicionalmente coletado e utilizado nas comunidades, passou a ser uma boa alternativa de comercialização. A Firmenich, multinacional suíça com operações em mais de 60 países, comprou em 2014 mais de uma tonelada de óleo da produção extrativista da Terra do Meio com termos contratuais negociados com as populações.

O encontro será uma oportunidade de estruturar uma parceria comercial de longo prazo para a castanha do território. entre as populações do Xingu e a Wickbold. Com produção superior a 600 toneladas por ano, a castanha é um dos principais produtos extrativistas da região.

Política para produtos da floresta

Para consolidar a economia dos produtos da floresta, as populações e os parceiros comerciais enfrentam desafios logísticos, regulatórios, de investimento e financiamento que ultrapassam questões de negociação entre comunidades e empresas.

O desafio é trabalhar em conjunto com o Estado do Pará para investir na economia florestal não madeireira, com políticas fiscais, subsídios e investimentos específicos que favoreçam o desenvolvimento do setor.

Um dos pontos centrais é a redução da chamada “pauta fiscal da borracha” para o valor de R$ 2,00/kg, hoje fixada em R$ 6,00/kg pelo governo do Pará. Ou seja, o ICMS de 12% incide sobre o valor de R$ 6,00/kg, quando na verdade, a borracha é vendida ao preço de R$ 2,00 no estado. O sobreimposto fixado pelo governo paraense foi uma estratégia antiga para incentivar que o produto ficasse no Estado. Hoje significa mais uma dificuldade enfrentada por estas populações na hora de escoar o produto.

A iniciativa do uso das mini usinas de processamento que ajudam agregar valor aos produtos nas comunidades recebeu em 2014 o prêmio Desafio Google de Impacto Ambiental. Foram R$ 500 mil que estão estão sendo usados para replicar e ampliar tecnologias adequadas em outras comunidades tradicionais da região. O funcionamento e ampliação das tecnologias adequadas para o beneficiamento é uma das pautas que movimentarão as discussões da Semana do Extrativismo.

O encerramento do encontro será marcado pela estreia do documentário "Terra do Meio", produzido pelo cineasta Rafael Salazar, que vai mostrar os desafios do modo de vida e a história destes descendentes de soldados da borracha - nordestinos levados para a floresta pelo governo federal durante a II Guerra Mundial e que por lá ficaram formando uma só família com cerca de 300 pessoas dispostas numa intrincada teia de parentescos.

Sobre a Terra do Meio

A Terra do Meio é formada pelas Reservas Extrativistas (Resex) do Rio Iriri, do Riozinho do Anfrísio e Xingu, Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, Estação Ecológica (Esec) da Terra do Meio, Parque Nacional (Parna) da Serra do Pardo e as Terras Indígenas Cachoeira Seca, Xypaia, Curuaia, cobrindo uma área protegida de 8,48 milhões de hectares, conectados por uma malha de rios, florestas e populações tradicionais.

Serviço

II Semana do Extrativismo da Terra do Meio | Xingu

Data:

17 e 18 de maio

Local: Reserva Extrativista Rio Iriri – Altamira -PA

Assessoria de imprensa

Letícia Leite – (61) 8112-6258