quarta-feira, 4 de maio de 2011






Agentes da Inteligência do Exército Brasileiro (EB) e investigadores da Polícia Civil de Marabá prenderam, nesta quarta-feira (4), dez pessoas envolvidas no furto de munição do 52º Batalhão de Infantaria de Selva (52 BIS).

O furto aconteceu na madrugada do último sábado (30). Dessa unidade militar foi furtada cerca de 2 mil munições de fuzil calibre 7.62, fardamento completo, brucutu e diversos outros objetos.

Entre os envolvidos há três soldados da ativa e outros dois ex-militares, que tinham conhecimento da localização e funcionalidade do paiol de onde os objetos foram furtados.

Entre os presos estão José Roosevelt Araújo Carvalho, Weslei Rabelo Castelo Branco (22), Júlio César Silva (o Bodão, de 36 anos), Claudson Pereira de Sousa (25), além de Fernando Marinho de Sousa (21) e Rafael Silva Carneiro, estes dois últimos ex-militares do EB.

Outros três acusados são soldados da ativa: Khiriney Cabral Alccaihuaman, Francisco da Silva Mendes e Antonio Nascimento Barros, que foram cooptados por um ex-militar do 24º Batalhão de Caçadores, para facilitar a entrada do ex-soldado Fernando Marinho e do soldado Mendes no referido paiol.

Uma adolescente de 17 anos foi apreendida e teria participação indireta no furto, porém não foi apresentada à Imprensa, assim como os militares da ativa.

O furto – De acordo com o delegado superintendente regional, Alberto Henrique Teixeira de Barros, os ladrões entraram no quartel à noite e contaram com a participação direta dos soldados.

Fernando Marinho de Sousa, o Marinho, é ex-militar do EB e seria um dos mentores do furto. Inclusive, ele e Rafael teriam tentado realizar este furto quando estavam servindo ao EB ano passado.

O soldado Antonio Nascimento Barros estava de guarda numa guarita que fica distante do paiol, cerca de 200 metros e teria feito vista grossa.

Os gatunos, ainda de acordo com o delegado, cortaram dois cadeados e um lacre. Na saída, colocaram outros dois novos cadeados e puseram o lacre de segurança no lugar para tentar ocultar o furto.

O bando ficou de ser autuado por receptação, furto qualificado, formação de bando ou quadrilha e porte de munição de uso restrito, sendo que os militares, além destes crimes podem ser expulsos do EB.

Eles foram ouvidos em depoimento na noite desta quarta-feira, em sala reservada, longe dos olhos da imprensa diferentemente dos outros acusados que foram apresentados à tarde para praticamente todos os órgãos de imprensa de Marabá.

Fuga – A rota de fuga dos ladrões, segundo o delegado Alberto Teixeira, foi pelos fundos do 52º BIS numa mata que dá acesso ao Bairro Nossa Senhora Aparecida, conhecido por invasão da Coca-Cola.

Eles andaram pela mata cerca de duas horas, na madrugada de sábado, já que o furto aconteceu na noite de sexta e madrugada de sábado.

Quando chegaram nesta invasão, os acusados Bodão e Marinho foram resgatados por Weslei Castelo Branco, que foram levados num Gol branco.

Participação – O acusado Claudson de Sousa teria ajudado a transportar a munição que foi guardada na casa do Bodão para a casa da namorada do acusado Marinho, a adolescente de 17 anos, na invasão da Coca-cola.

Essa transferência teria acontecido no sábado devido à repercussão que o furto teria causado entre os acusados.

Na casa do acusado José Roosevelt os policiais militares e civis encontraram um alicate de pressão que teria sido usado por Marinho para quebrar os cadeados.


Munição seria vendida para assaltante

O delegado Alberto Henrique Teixeira de Barros, superintendente regional de Polícia Civil do sudeste paraense, informou que os arrombadores pretendiam vender a munição para uma quadrilha de roubo a banco do Maranhão.

A negociação estava sendo feita por intermédio do acusado Júlio César Silva o Bodão que mantinha contato com uma pessoa identificada por “Filho”.

Pela mercadoria seria paga a quantia de R$ 30,00 para cada um projétil, sendo que a intenção do bando era arrecadar pelo menos R$ 60 mil.

Militares aquartelados no 52 BIS


Após a descoberta do furto, na manhã de segunda-feira (2), todos os militares ficaram aquartelados no 52º Batalhão de Infantaria de Selva (52 BIS) e só foram liberados às 23h30. Exceto, porém, os militares que estiveram de serviço no final de semana. Estes ficaram incomunicáveis e foram ouvidos.

Por intermédio dessas oitivas, segundo informou o tenente coronel Samuel Vieira de Souza, comandante do 52o BIS, militares do serviço de inteligência do EB descobriram a participação dos soldados Mendes, Cabral e Barros.

O oficial, contudo, não quis informar detalhadamente qual a participação de cada um dos soldados, porém foi enfático: “O Exército não aceita desvio de conduta, somos implacáveis para quem comete tais delitos”.

Informou ainda que os soldados estão presos numa unidade militar de Marabá e serão submetidos a um Inquérito Policial Militar e ao final, se condenados, podem ser punidos com prisão que vai de 3 a 10 anos e expulsos da corporação.

Paiol é seguro, diz oficial

Instado a responder sobre o furto, se não colocava em xeque o sistema de segurança do 52o BIS, o tenente coronel, Samuel Vieira de Souza foi taxativo em dizer que o local é totalmente seguro.

Porém o furto aconteceu graças à intervenção e participação de militares da ativa. “Contra desvio de condutas não há esquema de segurança que funcione”, comentou.

Ele disse que assim que tomou conhecimento do furto, de pronto, deduziu que havia a participação de militares que conheciam a rotina do quartel e como funcionava a tranca do paiol, onde é guardado munição e fardamento.

De outra, parte, porém ele contesta a quantidade de munição que foi localizada e que não sumiram 2 mil munições do paiol. “Ainda não foi possível contabilizar toda a munição furtada, mas seguramente não foram duas mil”, afirma.

Sobre o fardamento, contou que em qualquer loja de artigo especializado é possível comprar tais vestimentas e que seria precipitado dizer se teria sido furtada do quartel.

Furto em quartel não é novidade


Esta não a primeira vez que acontecem furtos em unidade militares do EB de Marabá. Em fevereiro do ano passado, um gerador, de aproximadamente R$ 70 mil reais, sumiu misteriosamente do 23º Batalhão Logístico de Selva (23º BLOG).

Na época a unidade militar era comandada pelo tenente coronel Alfredo Alexandre de Menezes Júnior, atualmente lotado em Manaus-AM.

Uma sindicância interna foi instaurada, mas não foi identificada a autoria deste furto, assim o caso foi arquivado por recomendação do Ministério Público Federal (MPF).


Da caserna para as cadeias



Maus exemplos dentro da caserna terminam migrando para o crime são presos e condenados. Enquadram-se nesta situação os ex-soldados do Exército Brasileiro David da Conceição Matos, 20 e Ramon Ribeiro Rocha, 21 anos.

Ambos foram condenados a 6,8 anos, no final do ano passado por conta de um assalto que fizeram em julho daquele mesmo ano.

A vítima deles foi a promotora Alexssandra Muniz Mardegan da qual eles roubaram um telefone celular e alguns outros objetos pessoais.

O soldado do EB Pedro Varão Sá foi apontado como sendo um dos assaltantes que roubou o Banco do Brasil, de Itupiranga no dia 10 de dezembro de 2009.

Neste mesmo assalto, teria participado o ex-soldado do EB, Francisco Carvalho Fernandes, o Professor, foragido desde esse assalto.



Nem toda segurança do quartel inibiu ação  dos arrombadores

Acusados civis exibidos com troféus; soldados protegidos
Munição seria vendida para assaltantes de banco no Maranhão





Diversos objetos também foram roubados do paiol do EB





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