quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O desafio da pecuária é aumentar a produtividade


Por Paulo de Castro Marques*


O Brasil é um dos principais atores da pecuária mundial. Somos o maior exportador de carne vermelha do mundo (mais de 1,8 milhão de toneladas previstas para 2014) e o segundo maior produtor no cenário global (cerca de 9,6 milhões de toneladas/ano). 
Em termos de consumo per capita, o brasileiro leva ao prato cerca de 39 kg de carne vermelha por ano, volume igual ao dos norte-americanos.
Por esses números, pode-se dizer que a bovinocultura nacional cumpre bem o seu papel de fornecedora de proteína vermelha à população. Porém, é possível fazer mais.
O Brasil caminha a passos moderados na evolução genética do rebanho bovino. Temos plantel de mais de 200 milhões de cabeças e produzimos menos de 10 milhões de toneladas de carne/ano. Enquanto isso, os Estados Unidos possuem 88 milhões de cabeças e produzem 11,7 milhões de toneladas por ano, como reforça o consultor Alexandre Mendonça de Barros.
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Precisamos avançar em produtividade. Essa responsabilidade tem de ser repartida com vários agentes. Desde as esferas governamentais às instituições de pesquisas, passando pelos técnicos, os produtores e os demais envolvidos na cadeia da carne. 
E há ferramentas indispensáveis para impulsionar a oferta de proteína animal no país. Uma delas é a genética aplicada à pecuária. A seleção de animais feita pelo melhoramento genético destinado às raças com aptidão para carne, visando às características produtivas e reprodutivas do animal, é um bom exemplo disso.
Os valores genéticos dos animais mensurados por Diferença Esperada na Progênie (DEP), por exemplo, que identificam a real capacidade de transmissão da genética do touro para o bezerro, têm sido obtidos pelos mais modernos métodos científicos, incluindo a seleção genômica, que possibilita a análise de dados moleculares dos animais.
A inclusão de dados genômicos permite que várias características sejam avaliadas, aumentando a acurácia das DEPs dos animais. O trabalho de melhoramento genético visando animais funcionais também é determinante neste processo.
Seja o animal de origem taurina ou zebuína, é indiscutível a necessidade de trabalho voltado para a adaptação do individuo ao ambiente onde será colocado para trabalhar.
Uma boa iniciativa nesse sentido foi a criação do Programa Mais Pecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que prevê, para os próximos 10 anos, o aumento da produtividade bovina, passando de 1,3 bovinos por hectare para 2,6 bovinos por hectare. Com isso, a proposta é liberar algo em torno de 46,2 milhões de hectares para outras atividades produtivas.
O programa deve funcionar sob quatro eixos, sendo o melhoramento genético o primeiro e principal deles. O segundo passo será expandir as vendas dos produtos, ampliando em 35% o consumo interno de carne bovina e aquecendo as exportações dos produtos derivados.
Se efetivamente for colocado em prática, se trata de uma excelente notícia para a pecuária brasileira. Afinal, de acordo com a FAO, em 2050 a população mundial contará com nove bilhões de pessoas. E o desafio é de, no mínimo, dobrar a produção de proteína vermelha até lá para atender à crescente demanda.
O Brasil tem terra, clima, água e um potencial extraordinário para aumentar a produção. Porém, precisamos avançar em eficiência e o melhoramento genético está aí para nos ajudar a atingir esses objetivos.

*Paulo de Castro Marques é proprietário da Casa Branca Agropastoril, especializada na criação de gado Angus, Brahman e Simental sul-africano

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