A Votorantim vai substituir sua matriz energética (coque de petróleo,
não renovável) pela queima de caroços de açaí como fonte de energia em sua
fábrica de cimento no município de Primavera (Nordeste do Pará). A empresa
recebe o apoio do governo do Estado, via secretarias de Desenvolvimento
Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(Semmas), que concedeu Selo de Prioridade ao projeto por meio de Protocolo de
Intenções assinado no dia 14 passado.
Com este Selo, todos os trâmites de implantação terão prioridade em
órgãos do governo, como a própria Semmas e o Corpo de Bombeiros. A intenção é
garantir as vantagens da nova fonte energética o mais rápido possível.
“O caroço de açaí é uma fonte renovável e hoje é um problema ambiental,
mas assim se transforma em solução” explica o titular da Sedeme, Adnan
Demachki. “Haverá uma diminuição significativa na emissão de C02 e a
não-emissão de dióxido de enxofre, além de gerar alternativas novas de renda
em municípios de baixo IDH e para famílias praticamente sem renda.”
A previsão é de que a Votorantim ira consumir, por ano, mais de cem
mil toneladas de caroços de açaí.
A experiência já começou.
A Votorantim está comprando os caroços secos (no máximo, 10% de
umidade) da fábrica Ecobiomassa, de Igarapé-Miri, que por sua vez adquire os
caroços “brutos” pela região (Abaetetuba, Mocajuba, Barcarena, Igarapé-Miri).
Este ano, já foram transportados, em caminhões, 2,5 toneladas de caroços para
Primavera.
“Este projeto piloto foi exitoso e a expectativa agora é fornecer numa
escala maior”, informa o dono da Ecobiomassa, Marcos Tadeu Bragatto. “Isto
resolverá o problema dos resíduos gerados pela grande quantidade de caroços
em Igarapé Miri e região e também será uma fonte a mais de renda para pequenos
produtores.”
BELÉM
Como a Votorantim é uma gigante, espera-se que este tipo de solução
seja seguido por outras empresas, até para resolver também um problema sério
em Belém: 50% dos resíduos sólidos produzidos na capital são caroços de açaí
(130 mil toneladas/ano).
Em Igarapé-Miri e região, o recolhimento dos caroços se dá por meio de
bags (recipientes de plástico que se parecem sacos gigantes) que são
colocados por um munch num caminhão e substituídos por outros vazios.
“A Política Estadual do Açaí, implementada pelo governo do Pará, vai
tornar este fruto numa coqueluche mundial”, garante Adnan Demachki. “A partir
de ações da Sedeme, doze empresas já ampliaram e estão ampliando suas
instalações ou implementam novas indústrias, com vistas a verticalizar a
cadeia em produtos com valor agregado.”
Com isto, a produção de caroços de açaí vai crescer exponencialmente e
“precisamos transformar este fato, em vez de num problema, em fonte de renda:
quem se interessar, pode procurar a Sedeme que apoiaremos os projetos”,
conclui Adnan.
Pelo Protocolo de Intenções assinado com o governo do Estado, a
Votorantim se compromete também a apoiar a implementação de cooperativa de
secagem de caroço de açaí; participar dos estudos de viabilidade de plantação
e produção de capim-elefante para produção de biomassa; e estimular a
produção de açaí na região de atuação da indústria.
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terça-feira, 20 de março de 2018
Votorantim vai usar caroço de açaí como fonte de energia
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