sexta-feira, 1 de março de 2013

Detentas do Crama denunciam perseguição













Ainda repercute bastante as denúncias de suposto assédio sexual que estaria ocorrendo dentro do Centro de Recuperação Regional Agrícola Mariano Antunes (Crama) parte das detentas estaria sofrendo represálias e punições injustas.

Uma destas medidas punitivas teria sido aplicada à detenta Lucinete de Jesus, que estaria trancada no regime fechado, desde a última sexta-feira (22) porque se recusou em conversar com o diretor do Crama a respeito das denúncias que ela fez diante do juiz Jonas da Conceição Silva.

Ela e Dejanira Feitosa dos Santos denunciaram, no início da semana passada, que estariam ocorrendo assédio sexual dentro daquela cadeia.

Por conta dessa denúncia, feita o juiz titular da Sétima Vara de Execuções Penais de Marabá, Jonas da Conceição Silva as detentas estariam sofrendo retaliações.

Como não têm acesso à mídia, as detentas escreveram duas cartas onde relatam os maus tratos e o tratamento discriminatório que estariam sofrendo por agentes prisionais capitaneados pelo vice-diretor Ubiracy Ramos, o Ramos.

Na primeira correspondência, assinada pela detenta Dejanira Feitosa dos Santos, ela descreve não só a perseguição, mas as prováveis armações que estaria sofrendo com o intuito de silenciá-la, contudo, ela é clara ao dizer que somente se for assassinada poderá se calar. Abaixo trechos da correspondência.

“Estou fazendo um apelo, e um pedido de socorro à imprensa. Depois que denunciei os abusos e os assédios não tenho mais paz e vivo sobressaltada, relata.

No último sábado (23, ela contou que foi vítima de uma suposta trama envolvendo a detenta Jéssica Pereira que se disse ameaçada de morte, o que na verdade seria uma forma de colocar mais um processo contra Dejanira dos Santos que possivelmente será contemplada com a liberdade condicional ainda este ano.

“Tudo isso é para calar a minha boca, mas não vão conseguir só se matarem”, comenta lembrando que está presa há sete anos e nunca teve nenhuma ocorrência na ficha dela.

Comentou ainda que as denúncias veiculadas na mídia paraense não refletem necessariamente o que acontece naquela casa penal, pois há várias outras situações que supostamente violam os direitos humanos dos detentos.

Contou que recentemente houve uma revista na cela 3 do pavilhão feminino, onde as detentas ficaram parcialmente nuas e três agentes femininas revistaram as detentas na presença de agentes masculinos.

Como numa espécie de efeito cascata as detentas do Crama denunciam outras situações de perseguições que estariam sofrendo e cobram a presença das autoridades naquela casa penal.

“Eu confesso que estou com medo com o que possa acontecer comigo, tenho medo de armação, faço um pedido de socorro”, conclama.

Entre outras informações, Dejanira dos Santos pontuou que durante os sete anos em que está presa trabalhou em diversas atividades no Crama.

Durante seis anos, chefiou uma equipe de detentas na cozinha e manuseou facas e nem por isso se envolveu em confusões, ou ameaças de morte a outras detentas.

Por fim, pede reiteradamente que as autoridades judiciais de Marabá tomem conhecimento da situação do Crama, a fim de que ela não possa mais sofrer retaliações.

As outras detentas do Crama, na segunda correspondência, relatam que o atendimento de um assistente social é precário e descortez.

Comentaram ainda que as revistas nas celas são abusivas e intimidatórias. Caso sejam ouvidas em depoimentos, estes devem acontecer distante da atual direção, pois temem novas represálias.

Por sua vez o diretor do Crama, major Marcos ao ser informado oficiosamente a respeito das cartas das detentas disse que não tinha conhecimento e que só poderia se pronunciar quando tivesse acesso ao conteúdo das cartas.


Promotora e juiz apuram denúncias





A promotora criminal Alexandra Muniz Mardegam e o juiz titular da 7ª Vara de Execuções Penais de Marabá, Jonas Conceição Silva iniciaram, na tarde da última terça-feira as oitivas para ouvir as detentas do Crama a respeito dos supostos crimes de assédio sexual e violação dos direitos humanos das detentas do Crama.

O caso veio à tona na semana passada, e após a ampla divulgação que a mídia regional tem dado aos supostos crimes as duas autoridades se mobilizaram para ouvir as detentas, para ao final, confirmar, ou descartar tais crimes.

As oitivas estão sendo mantidas em sigilo e as detentas ouvidas em separado, segundo fontes seguras a fim de que as mulheres possam relatar o que de fato estariam passando naquela carceragem.

Para a uma emissora de rádio de Marabá, o juiz Jonas Silva informou que é prematuro fazer algum comentário, ou prejulgar os denunciados, uma vez que tem de prevalecer o princípio à ampla defesa.

Confirmou também que o procedimento de apuração de tais crimes está em andamento e que em breve ele deve se pronunciar oficialmente por meio de uma sentença, ou outra medida cautelar.

Nunca é demais lembrar que o caso veio à tona por conta de denúncias das detentas, Dejanira Feitosa dos Santos e Lucinete de Jesus a quando de uma audiência na última terça-feira (19) onde Dejanira estava sendo acusada de usar um telefone celular dentro do Crama.

Ela denunciou que foi vítima de um suposto flagrante armado por agentes prisionais e que teria sido assediada sexualmente e a segunda detenta corroborou a denúncia da colega.

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