Índios interditam rodovia e exigem saída de Danielle Cavalcante |
Na manhã desta terça-feira (21), índios do sul e sudeste
do Pará ocuparam a rodovia BR-153, à altura da aldeia Suruí Sororó, em São
Geraldo do Araguaia, no sudeste do Pará.
Os protestos iniciaram na última sexta-feira (17),
ocasião em que ocuparam a rodovia BR-222, nos limites da Aldeia Mãe Maria, dos Índios
Gavião, em Bom Jesus do Tocantins.
Os índios protestam contra a permanência da executiva Danielle Cavalcante à frente do Distrito Guamá Tocantins (Guatoc), vinculado ao Ministério da Saúde e responsável pelo atendimento em saúde dos índios de oito polos. No Brasil há 34 Distritos.
A executiva estaria deixando de atender aos
índios além de tratá-los com desdém durante uma reunião em Belém e que teria
desafiado os silvícolas e que estes não teriam força para tirá-la do cargo.
Não é de hoje que o clima é de tensão entre
índios e a executiva. Segundo o vereador índio, Ubirajara Nazareno Sompré (PPS),
uma das lideranças da ocupação, nos últimos cinco meses os índios tentaram, de
todas as formas dialogar com a executiva e com o Ministério da Saúde quanto à saída
de Danielle Cavalcante do cargo, contudo todos os esforços foram em vão.
“Ela bate no peito e diz que não temos força para
tirá-la do cargo, sabemos que ela (Danielle Cavalcante) foi indicada por
deputados federais do PT do Pará, mas ela não serve para administrar um recurso
que é nosso, portanto deve ser investido na saúde dos índios”, protesta
Ubirajara Sompré.
“São pelo menos R$ 13 milhões para ser aplicados
este ano na saúde indígena, sabemos que foram gastos R$ 11 milhões e não vemos
melhoria para o nosso povo”, acrescenta dizendo que em várias aldeias faltam
médicos, enfermeiros, dentistas e até medicamentos básicos.
Contou ainda que Danielle Cavalcante tirou a
médica e o dentista que atendiam quase 5 mil indígenas na região, assim como a
aeronave que dava apoio aos índios Xicrin, que moram dentro da reserva de Carajás
e ainda encerrou o plano funerário.
Ele conta que, nas últimas duas semanas, as
lideranças estiveram em Brasília denunciando o caso aos órgãos responsáveis,
mas ninguém tomou providências por isso eles resolveram radicalizar.
Ubirajara adverte que os protestos devem se
acirrar ainda mais, pois caso não haja uma decisão quanto à exoneração da
executiva do cargo os índios pretendem ocupar a Estrada de Ferro Carajás (EFC).
Para o cacique Edinaldo Tembé, Danielle Cavalcante
é o que se pode chamar de uma autentica ditadora. “Ela não prestou contas dos
recursos, assedia moralmente os funcionários da Secretaria de Especial de Saúde
Indígena (Sesai)”, salienta o líder indigenista.
Concita Sompré, líder feminina indigenista disse que Danielle Cavalcante não tem a menor condição de continuar à frente do cargo.
“Não aceitamos, não queremos, ela é ditadora, não
atende aos índios”, comentou informando que há dois odontomóveis em Belém e que
os veículos não estão sendo usados por absoluta falta de licenciamento dos
documentos.
“Vamos continuar protestando, pois não aceitamos,
ela não serviu para atender ao homem branco, foi exonerada pela governadora Ana
Júlia e já mostrou que não serve para administrar a saúde dos índios”, conclui
Ubirajara Sompré.
Apesar da ampla visibilidade que a imprensa deu à
ocupação da rodovia, o Ministério da Saúde não se pronunciou a respeito do
assunto.
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