segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Caso estudante Renata: Se a vítima não tem sobrenome a espera é longa




Diferentemente de outros casos, onde as vítimas de violência têm ‘sobrenome’, posição social, ou posses, o Estado age numa velocidade assustadora e prontamente atende ao clamor público e num curto intervalo de tempo consegue resolver casos emblemáticos.

Se não vejamos. O que dizer dos acusados de ser pistoleiros, José Rodrigues Moreira e Lindonjhonson Silva Rocha, apontados como mandante e matador do casal de extrativistas, José Claudio e Maria do Espírito Santo, mortos em emboscada no dia 24 de maio de 2011 em Nova Ipixuna. Foram presos exatos três meses e três semanas após o crime.

Dias após, um terceiro acusado, o Alberto Lopes Teixeira do Nascimento foi preso. Sendo que apenas estes últimos dois acusados foram condenados, a 42,8 meses e 45 anos de prisão, respectivamente.

Outro caso onde a Polícia agiu relativamente rápido foi a investigação que envolveu a morte do advogado George Antonio Machado, assassinado no dia 3 de abril do ano passado na Folha 10, Nova Marabá.

Pra se ter uma idéia da rapidez, num curto espaço de tempo os investigadores do Núcleo de Inteligência da Polícia (NIP), levantaram, identificaram e prenderam os dois acusados em menos de uma semana após o crime. E até hoje estão presos: Rodrigo Carvalho da Silva e Wagner Vieira Matos, atualmente custodiados no Centro de Recuperação de Marabá (CRM).

Estes dois casos servem bem para se traçar um paralelo entre os anônimos e ‘famosos’. É exatamente este paradoxo que a família da estudante Renata Maria da Silva Pereira, 18 anos, assassinada no final do ano passado em Palestina do Pará, sudeste do Pará quer quebrar e cobram da Polícia celeridade na investigação.

A jovem recebeu uma ligação no dia 31 de dezembro do ano passado e avisou a parentes e amigos que iria sair, mas voltaria logo. Foram as últimas palavras já que o corpo dela foi localizado num lixão, na entrada da cidade em adiantado estado de putrefação no dia 2 de janeiro deste ano.
A partir desta descoberta deu-se início a sucessivos erros e falhas do Estado, tendo em vista que pelo fato de se tratar de uma anônima, a vítima sequer teve o direito de ter uma perícia de local de crime, no que poderia ajudar na elucidação do caso.

Outra falha não menos gritante é a completa ausência de um pedido de exame sexológico, pelo menos tal pedido não chegou no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves em Marabá o fechamento desta matéria, no final do dia.

Este exame, caso fosse realizado, poderia dirimir dúvidas em torno de um possível estupro que a jovem sofrera. A propósito desta informação, comentários diversos de moradores de Palestina apontavam para esta hipótese.

Assim, este pode ser um daqueles casos, onde os moradores protestam, reclamam, parentes choram e se indignam e a Polícia não identifica o autor prevalecendo a máxima: quando a vítima é importante o Estado responde à altura, quando se trata de um sem sobrenome, tem como resposta o esquecimento e a impunidade.

No caso do assassinato da jovem estudante, nunca é demais lembrar que ela recebeu uma ligação minutos antes de sair de casa, no que um simples pedido de interceptação telefônica pode ajudar na investigação do crime e quem sabe identificar o interlocutor e ao final mudar a máxima infame que prevalece naquele sem sobrenome. 

Este crime está sendo investigação pela equipe do delegado Pedro Marinho de Sousa, que responde pelos municípios de Brejo Grande do Araguaia e Palestina do Pará, onde a jovem foi assassinada. Diante deste acúmulo de tarefas é possível que o matador fique impune, a menos, claro se houver empenho da Polícia como em casos onde as vítimas são expoentes. 


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