terça-feira, 23 de abril de 2013

Militar surta e baleia professor e o cunhado



Atentado aconteceu, no final da tarde de sábado, em movimento bar da Cidade Nova, onde desportistas se concentram para assistir partidas de futebol

Durante um surto psicótico o cabo da Polícia Militar Manoel Messias de Macedo, 40 anos, atirou em duas pessoas que estavam em um bar na rua Sol Poente, bairro Cidade Nova, na tarde do último sábado.
As vítimas foram o professor universitário e um cunhado dele, cujos nomes pediram para não ser divulgados. Ambos tinham acabado de chegar neste bar, onde uma plateia assistia a uma partida de futebol. O local é ponto de encontro de desportistas e o atentado foi testemunhado por vários deles, contudo apenas três pessoas se comprometeram em ser testemunha do atentado.
O militar, segundo informações de populares, estava neste bar, entrou no carro dele, um Fiat Pálio Preto de vidro fumê, porém retornou em seguida e do nada, atirou nas duas pessoas, que tinham acabado de chegar ao bar.
Um único tiro, disparado pelo militar, atingiu as vítimas nas respectivas cabeças deles. O projétil acertou a cabeça do professor, na parte posterior às proximidades da nuca, transfixou e se alojou na cabeça do cunhado dele.
As duas vítimas foram socorridas a aparentemente não correm risco de morte. O professor foi medicado no Hospital Municipal de Marabá (HMM) onde foi operado e recebeu sete pontos cirúrgicos.
Já o cunhado dele, que veio de Belém passar um final de semana em Marabá, foi levado para a capital numa ambulância UTI Móvel e internado no Hospital Metropolitano de Belém onde foi operado e teve o projétil retirado e aparentemente não corre risco de morte.
Segundo o professor universitário, o cunhado dele está lúcido, conversando e respondendo positivamente a todos os estímulos.

Durante toda a ocorrência deste atentado o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), tenente coronel Luiz Cléber Barbosa prestou assistência, tanto para as vítimas, como para o cabo da Polícia Militar.
O cabo Manoel Messias foi apresentando de madrugada de domingo, diante do delegado Jorge Gilson Silveira Carneiro e foi autuado por tentativa de homicídio.
A juíza plantonista, Maria Aldecy de Souza Pissolati homologou o flagrante e manteve a prisão do militar, que ainda no domingo foi transferido para o presídio Anastácio Neves, em Belém.
Quando foi apresentado, o militar se manteve em silêncio e advogado Joelson Farinha informou ao delegado que o cliente dele só vai se pronunciar em juízo.


Militar apresentava transtornos mentais



Logo após o baleamento circulou um comunicado via Centro Integrado de Operações Policiais que duas pessoas haviam sido baleadas e que todas as viaturas da 26ª Área Integrada de Segurança Pública (26ª AISP) tinham de permanecer alerta, pois o atirador estava num carro Fiat Preto.
A surpresa maior dos militares foi saber que o autor deste atentado seria um militar que aparentemente apresentava distúrbios mentais.
O cabo Manoel Messias, tão logo ter protagonizado o duplo atentado, se deslocou até a 26ª AISP onde teria provocado os militares que estavam de serviço naquele dia.
Segundo o tenente Cleodinaldo Rodrigues Rocha, o cabo Messias chegou bastante transtornado no Destacamento Policial e não dia coisa com coisa, mas entre uma palavra e outro se entendeu que o cabo estaria sendo perseguido.
Em seguida, ainda de acordo com ocorrência registrada diante do delegado Jorge Gilson Silveira Carneiro, o cabo Manoel Macedo saiu do Destacamento policial e foi embora em direção a um posto de combustíveis, às proximidades do aeroporto de Marabá, onde foi preso, já por volta das 19 horas.
Quando foi abordado pelos militares, já que um cerco já havia sido montado, o cabo Manoel Macedo em princípio não apresentou resistência, contudo não conseguia identificar quem eram os colegas militares que o estavam prendendo.
Quando foi preso o cabo portava uma pistola calibre 380, Taurus, número KEU-80942 e que pode ter sido usada no duplo atentado.
Rendido, desarmado e algemado, o cabo foi conduzido até o Hospital Municipal de Marabá onde foi sedado e já de madrugada foi conduzido até o 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM) onde foi interrogado pelo próprio comandante desta unidade militar, tenente coronel Luiz Cleber Barbosa.
Em princípio o cabo contou ao oficial que não se lembrava de nada. “No primeiro momento a palavra de ordem foi solidariedade ao policial, afinal ele não é homicida e sim um pai de família”, comentou o oficial durante entrevista coletiva.
Esta, porém, não foi a primeira vez que o cabo apresentou distúrbio psicótico. Em 2006 ele protagonizou um episódio dentro do 4º BPM, onde, armado, rendeu todos os colegas militares e se dizia o comandante “Bradock”.
Naquela ocasião ele desferiu alguns tiros no quartel e ainda hoje há marcas dos tiros no saguão de acesso ao comando. No primeiro surto, o então capitão Silva desarmou o cabo, que foi internado e recebeu atendimento especializado.
A respeito desse tipo de atendimento, o comandante do 4º BPM, tenente coronel Barbosa informou que pretende requisitar ao comando geral da Polícia Militar uma equipe permanente de psicólogo, sociólogo e médico que deve prestar atendimento aos militares desta unidade militar.

Desmotivação pode provocar distúrbio

O advogado da Associação de Cabos e Soldados de Marabá, Odilon Vieira Neto informou que o episódio envolvendo o cabo Manoel Macedo reflete uma situação de insatisfação e desmotivação por parte de muitos militares, sobretudo por dois aspectos: as promoções e direitos adquiridos pela categoria e que não são concedidos pelo governo do estado.
Entre estes direitos estaria o não pagamento da interiorização que em tese seria incorporado nos salários dos militares que servem em municípios do interior.
“Tudo isso contribui para esse tipo de situação, afinal os militares sofrem uma carga excessiva de estresse diariamente e acabam surtando”, comentou.
Sobre as promoções, o advogado contou que há muitos militares, que em tese já teriam direito de serem promovidos, o que pode ser o caso do  cabo Macedo, contudo, ainda não receberam este benefício previsto em lei.
“A ex-governadora Ana Júlia Carepa, assinou um decreto ratificando todas as promoções, mas os cabos têm de entrar na Justiça para serem promovidos, então, esta e outras situações contribuem para este desfecho trágico”, conclui.


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