quinta-feira, 18 de abril de 2013

MST monta acampamento em Brasília



MST pretende cobrar criação de novos assentamentos 




O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) pretende montar acampamento em Brasília (DF) para cobrar agilidade no processo de reforma agrária.
A prioridade da entidade é a criação dos assentamentos onde há acampamentos nas regiões sul e sudeste do Pará onde pelo menos três mil famílias acampadas em barracos precários há mais de dez anos. (Ver box)
O acampamento permanente, segundo um dos coordenadores estaduais do MST, Ivagno Brito, deve durar o ano inteiro e os integrantes do MST devem exercer pressão em órgãos federais, sobretudo no Ministério do Desenvolvimento Agrário a fim de tentar acelerar a criação dos Projetos de Assentamento.
O anúncio da criação do acampamento permanente foi feito ontem pela manhã por ocasião do ato em protesto em alusão ao Massacre de Eldorado do Carajás, em 17 de abril de 1996.
Mais do que protestar contra a impunidade e morte dos 19 trabalhadores sem-terra, o MST transformou o ato em ferramenta política e de construção para uma nova perspectiva de luta pela posse da terra.
Há oito anos, na "Curva S", local do Massacre de Eldorado é montado o acampamento pedagógico e da juventude, onde os militantes do MST se revezam em palestras e debates a respeito de temas relacionados à luta campesina.
"Protestar contra a violência no campo e a impunidade é importante, pois mantemos viva a memória dos nossos companheiros, mas também aproveitamos para debatermos temas atuais e conjunturais a respeito da reforma agrária", garante.


Protestos isolam região temporariamente



Os protestos isolaram o sul e sudeste do Pará durante 30 horas. Na segunda-feira (15), comerciantes interditaram as rodovias 158 e 155, ocasião em que protestaram contra as precárias condições das estradas. Permaneceram por 14 horas.
Na terça-feira (16) foi a vez de integrantes do MST bloquear a PA-175, ocasião em que cobravam uma escola para o acampamento "Frei Henri". Permaneceram por quase 12 horas neste protesto.
Por volta das 7 horas da manhã de quarta-feira, novamente o MST interditou a BR-155, à altura da "Curva do S", em Eldorado do Carajás.
Durante estas três manifestações sul e sudeste do Pará ficaram praticamente isolado do mundo, contudo apesar de todas as intempéries não houve registro de confronto, ou conflito.
Na "Curva do S" o tráfego só foi liberado por volta do meio-dia. Os manifestantes do MST permanecem no local até esta quinta-feira, ocasião em que retornam para os acampamentos.



Chama do Estado de Carajás acesa



A luta pela criação do Estado do Carajás foi lembrada durante ato de protesto na "Curva S". Uma das principais personalidades de defesa desta bandeira o prefeito de Marabá, João Salame.
Para ele, os protestos realizados esta semana refletem o descaso de governantes com estas duas importantes regiões e paralelo a isto reascende a luta pela criação pelo estado do Carajás.
Salame lembrou que é possível conciliar reforma agrária com a paz no campo. Para tanto, uma das alternativas seria diminuir o abismo social entre as classes e dividir a terra.
"Há poucos com muita terra e muitos sem terra, evidentemente que neste cenário o conflito é inevitável e todos perdem nesta disputa", comentou.
Em seguida hipotecou apoio à causa do MST, sobretudo quando o assunto é combater as desigualdades e lutar por divisão de riqueza de forma igualitária.
Presente ao evento, o prefeito de Eldorado do Carajás, Divino Alves Campos, que também manifestou apoio aos sem terra.
Para ele, a luta pela terra pode ser feita de forma ordeira e que os entes do Estado poderiam colaborar muito mais com a causa.
Citou ainda que a mineradora Vale poderia auxiliar neste processo, uma vez que a empresa tem influência indireta no grande êxodo da região, já que os projetos minerais anunciados para a região atraem uma grande quantidade de pessoas para a região.
Contou ainda que Eldorado do Carajás é o primo pobre da BR-155 que fica encravado na encosta da Serra dos Carajás e à margem dos grandes projetos.
"Não recebemos um centavo de royalties, precisamos urgente de investimentos sociais e até então não somos atendidos", conclui.
Para o coordenador do MST em nível estadual, Ivagno Brito, a classe política poderia ajudar em muito a causa e esta ajuda teria de ser pública e não clandestina, afinal é um luta do povo.
"Estamos fazendo a reforma agrária, à mão e sem permissão, afinal o Estado não permite, por isso clamamos apoio de todos os políticos, pois nós contribuímos para a economia regional e produzimos alimentos saudáveis", conclui.




Carreta de minério incendiada na BR-155




No final da tarde de quarta-feira (17) ontem o Centro Integrado de Operações Policiais (CIOP), de Marabá, confirmou que uma carreta carregada de minério foi incendiada na BR-155, à altura da Fazenda Sororó.
O atentado estava sendo atribuído aos sem-terra que estão acampados na Fazenda Cedro, no acampamento Helenira Rezende.
Contudo, uma das coordenadoras do MST negou que os trabalhadores rurais tenham participado deste ato de vandalismo. "Pelo que eu saiba não houve nenhum ato de vandalismo na fazenda, pois concentramos a manifestação na "Curva do S" e não houve nenhum registro de incidente", descartou.
Independentemente da negativa da líder do MST, o fato é que a carreta pegou fogo e policiais militares foram até o local, bem como agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) auxiliaram no controle do tráfego.
Um caminhão pipa de uma empresa siderúrgica de Marabá, dona da carreta e do minério foi até o local para tentar debelar as chamas.
O tráfego ficou congestionado no local por algumas horas, mas não houve registro de outros incidentes.




Acampamentos do MST



Lourival Santana - Fazenda Peruano - Eldorado

Helenira Rezenda - Fazenda Cedro - Marabá

Frei Henri - Fazenda Marambaia - Curionópolis

João Canuto - Fazenda Rio Vermelho - Sapucaia

Roseli Nunes - Fazenda Caumé - Tucumã

Dina Teixeira - Fazenda São Luiz - Canaã dos Carajás





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