terça-feira, 7 de junho de 2011

Madeireiros fecham PA-150



Caminhoneiros tiveram de esperar no meio da pista
Trabalhadores da indústria madeireira temem desemprego
Pneus foram usados para interditar pista
Vereador Filho encabeçou manifestação da PA-150
Interdição durou seis horas causou grande engarrafamento











Liderados pelo setor madeireiro de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, boa parte da população deste município realizou ontem pela manhã protesto que culminou com o fechamento da PA-150. Por volta das 14 horas os manifestantes liberaram o tráfego. Filas quilométricas se formaram nos dois sentidos da pista.
Os manifestantes queimaram pneus às proximidades de uma ponte na entrada da cidade, sentido Marabá, Nova Ipixuna. A manifestação coincide com a chegada da Força Nacional, que tem previsão de chegar em Marabá nesta quarta-feira para auxiliar no combate aos crimes no campo.
Faixas e cartazes expunham os sentimentos dessa categoria no que diz respeito ao duplo assassinato do casal de ambientalistas, José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, morto a tiros no dia 24 de maio deste ano, na vicinal Maçaranduba, assentamento Praialtapiranheira, em Nova Ipixuna (PAEX).
Para boa parte dos madeireiros é injusto vincular a morte do casal com a atividade madeireira. Por conta deste duplo homicídio, o Ibama desencadeia operações de fiscalização nas últimas duas semanas no PAEX.
Doze madeiras foram fechadas e o órgão ambiental requereu a cassação das licenças ambientais e de funcionamento destas madeireiras. Muitas dessas empresas já vinham sendo multadas desde 2007. Houve casos que uma só empreso foi multada 18 vezes entre 2007 e 2010 por crime ambiental.


Setor queria visibilidade nacional



O protesto também coincidiu com o desembarque de uma equipe de uma emissora nacional, que faz uma matéria sobre o duplo assassinato do casal de ambientalistas e suas respectivas repercussões.
Diante da presença desses jornalistas, madeireiros, empresários diversos e alguns políticos locais se organizaram e realizaram a manifestação.
Somente após a garantia que o setor seria ouvido, os manifestantes aceitaram liberar a pista, uma vez que o clima no local ficava cada vez mais tenso.
O vereador João Santana de Carvalho Filho (PMDB) comentou que em momento algum a população de Nova Ipixuna é contrária à investigação que está sendo feita para apurar a morte do casal de ambientalistas, porém toda a sociedade não poderia ser penalizada com o fechamento das madeireiras, cuja atividade é bastante significativa.
Filho, como é conhecido o político, disse que uma laminadora foi fechada no município porque não tinha um poço semi-artesiano. Esta empresa foi multada e teve de demitir 60 mulheres.
Vera Lúcia Arantes, representante do setor madeireiro, informou que o protesto tinha como objetivo mostrar ao mundo que em Nova Ipixuna há pessoas trabalhadoras e que precisam sobreviver.
“Somos trabalhadores, não podemos ser punidos dessa forma, então é preciso que os governantes olhem para a nossa cidade com mais carinho e nos dê alternativa e não punição”, sentencia, lembrando que o manifesto teve esse objetivo. 



Associação comercial diz que setor é importante


O presidente da Associação Comercial de Nova Ipixuna, Egilberto dos Santos Sales 50, comentou que por conta do fechamento das madeireiras, pelo menos 500 pessoas ficaram desempregadas.
“Não podemos ser penalizados, a sociedade não pode pagar um preço tão alto pelo erro de uma pessoa”, comentou desejando que a Polícia elucide o mais rápido possível a morte do casal de ambientalistas.
Em se perdurando a atual situação das madeireiras, Sales, acredita que o município enfrentará uma grande crise, tendo em vista que o setor madeireiro e carvoeiro é responsável por pelo menos 50% da movimentação financeira do município.
O comerciante Emerson Fernandes foi taxativo e disse que o município vai se transformar num caos social. “A principal renda do município é o setor madeireiro que está sendo penalizado e se continuar desse jeito vai ser um caos”, prevê.
O empresário do setor de combustíveis, Maurício Chagas exemplifica a queda na arrecadação no posto de combustíveis dele dizendo que nos últimos quinze diz, o faturamento caiu cerca de 900%.
“Antes da fiscalização do Ibama faturava em torno de R$ 8  mil por dia, agora o faturamento não chega a R$ mil, então se continuar desse jeito vou ser obrigado a demitir funcionários e até fechar as portas”, prevê.



Alternativas econômicas para a cidade




Para o secretário de educação de Nova Ipixuna, Sebastião Santos Damascena o momento, além de protestar contra as ações do Ibama, é preciso haver um consenso entre empresários, políticos e o governo do estado a fim de atrair novos investimentos.
“Vamos ter uma audiência com o secretário de agricultura do estado do Pará, Hildegardo Nunes e iremos discutir alternativas econômicas, pois apenas o setor madeireiro fica praticamente inviável”, comentou.
A respeito do protesto, Damascena disse que foi o estopim de uma situação que há muito está em declínio e sendo perseguida. “Boa parte da população de Nova Ipixuna trabalha nos setores madeireiro, pecuário e de carvoaria e não podem ser punidas, pois isso é injusto”, acrescenta.
Praticamente todos os entrevistados foram unânimes em dizer que são favoráveis à investigação do duplo homicídio do casal de ambientalistas, porém defendem a abertura das madeireiras.
Vale lembrar também que a reportagem tentou conversar com alguns madeireiros que estavam no protesto, porém nenhuma deles quis se pronunciar. Um deles foi Laurindo Tedesco, que preferiu “passar a bola” para a empresária Vera Lúcia, pois alegou que não estava em condições físicas.










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