terça-feira, 27 de julho de 2010

Líderes do MST se reúnem no assentamento 26 de Março

MST celebra 11 anos do assentamento 26 de Março

Edinaldo Sousa

Na próxima sexta-feira (30) o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra no Pará (MST) celebra os 11 anos do assentamento 26 de Março, localizado na antiga fazenda Cabaceiras, nas margens da Rodovia BR-155 (antiga PA-150), distante cerca de 30 quilômetros do centro de Marabá, próximo à vila Sororó.
O evento, na verdade, começa nesta terça, ocasião em que deve iniciar o encontro de líderes do MST. O encontro se estende até o dia 30. Nesse intervalo acontece uma vasta programação cultural e desportiva, sendo que no dia 30 o grupo de forró Falamansa encerra o evento com grande show.
No estado do Pará, o MST coordena 12 acampamentos, nos municípios de Canaã dos Carajás, Eldorado do Carajás, Tucumã, Ourilândia do Norte, Pacajá, Irituia, Capitão Poço.
De uma única vez, o MST enfrenta grupos poderosos, como os Quagliato, a Agro Santa Bárbara e mais recentemente o pastor e ex-deputado federal, Josué Bengtson, tendo em vista que a fazenda dele, em Santa Izabel, está ocupada.
Nestes acampamentos o MST coordena cerca de 3,6 mil famílias e tem como método de trabalho a implantação de política agrária familiar, além de educação.
“A idéia é celebrar os 11 anos de lutas e conquistas no assentamento 26 de março”, comenta Charles Trocate, que esteve ontem à tarde na redação deste jornal acompanhado do líder sem terra Alberto Lima da Silva, o Tim Maia, e o jornalista Márcio Zonta, ocasião em que convidou a população em geral para participar das festividades.
Durante os 10 anos de acampamentos do MST, na antiga Fazenda Cabaceiras, então pertencente ao pecuarista Evandro Liege Chuquia Mutran aconteceram três reintegrações de posse.
Ocupação – A ocupação da Fazenda Cabaceiras se deu no dia 26 de março de 1999 e precedeu diversas lutas, prisões e mortes. A data é uma homenagem a um dos coordenadores do MST, Onalício de Araújo Barros, o Fusquinha, morto no dia 26 de Março de 1998, juntamente com, Valentim Serra, o Doutor, crimes ocorridos na então fazenda Goiás II em Parauapebas.
Crédito – Para Charles Trocate, o crédito rural, que hipoteticamente seria o grande alavancador da reforma agrária, na verdade é dispendioso para o agricultor ter acesso ao financiamento.
Do ponto de vista familiar, mesmo com todas as dificuldades, Trocate afirma que o assentamento 26 de Março é vitorioso.
“Temos diversas rendas, há pessoas que ganham, mais e outras menos em função do tipo de tecnologia que aplica no lote, mas no cômputo geral consideramos uma vitória a estrutura do assentamento, pois as pessoas que estavam dispersas, agora estão juntas num ambiente familiar e comunitário’”, afirma.
Nos assentamentos do MST é aplicado o método da comunidade em contraponto o trinômio: homem – tecnologia e produção. “O Assentamento é a comunidade, pois são nestes ambientes que se desenvolvem sistemas e métodos comunitários”, acrescenta Trocate.
Pra se ter uma idéia da importância da agricultura familiar, Trocate comentou que 15, bilhão de pessoas vivem em área de fronteira agrícola e destas, pelo menos meio milhão vivem da agricultura familiar.
Incra – O Incra, como órgão indutor da reforma agrária, segundo Trocate, historicamente tem servido de trampolim político.
Além desse aspecto, em diversas outras ocasiões, ainda de acordo com o líder do MST, o órgão foi cercado de denúncias de desvios de recursos públicos.
“Se, de fato, cumprisse a missão dele, seria um órgão extraordinário nesse papel de induzir a reforma agrária”, comenta.
Em contraponto às diversas intempéries e dificuldades de se produzir o MST se articula com o governo federal e com a Prefeitura de Parauapaebas para implantar o Instituto Latino Americano de Agroecologia no assentamento Palmares, que é o mais antigo no Pará e foi criado em 1994.
No assentamento 26 de Março, segundo Trocate têm reservados 340 hectares para a construção da Escola Família Agrícola, cuja proposta é educar os jovens, filhos de agricultores para que possam aplicar o conhecimento na propriedade como forma de ampliar e melhorar a produção rural.