sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Extrativista continua ameaçada de morte




Com medo de ser assassinada a qualquer instante. É desta forma que a extrativista Laisa Santos Sampaio vive no projeto de assentamento Praialtapiranheira, em Nova Ipixuna.
Teme ter o mesmo fim que a irmã dela, Maria do Espírito Santo, assassinada no dia 24 de maio de 2011, juntamente com o marido dela, José Claudio Ribeiro da Silva.
Constantemente a extrativista denuncia que recebe recados ameaçadores. Os apócrifos, ora vem alertando, ora vem ameaçando veladamente.
Uma tocaia já foi montada recentemente às proximidades da entrada principal do lote dela onde vive com a família.
Os homens, protegidos por capacetes apareceram de repente numa precária estrada que dá acesso ao lote dela. Ambos estavam protegidos por capacetes.
Naquela ocasião ela gritou e os dois suspeitos saíram do mato, apanharam uma moto que estava próxima e saíram do local rapidamente.
O casal de extrativistas José Claudio e Maria foi assassinado por discordar da venda de lotes dentro do assentamento.
A outra frente de atuação de ambos era para defender a floresta, sobreviver dela sem que fosse necessário derrubar.
Desenvolviam no assentamento a política da sustentabilidade, extrair os bens naturais sem ser necessário derrubar as árvores e assim contrariaram os interesses de diversas pessoas e podem ter sido assassinados por conta desta postura defensiva da natureza.
Após a morte do casal, Laisa Sampaio assumiu o papel de continuar a luta dos trabalhadores rurais e desenvolve, juntamente, com sete mulheres a produção de diversos cosméticos, entre eles, sabonete, hidratante, pomada cicatrizante e repelente, todos feitos à base de andiroba.
Diante desta postura preservacionista a ambientalista granjeou pra si alguns opositores que defendem a retirada indiscriminada de madeira e vem constantemente sendo ameaçada de morte.
Em uma destas ameaças, num bilhete apócrifo o interlocutor grafou precariamente: “Laisa as mata é nossa, deixa nós em paz cala a tua boca”.
Apesar da grafia tosca, o recado, para bom entendedor alude à possibilidade dela ser assassinada, caso continue denunciando a extração de madeira no assentamento.
É neste contexto de ameaças que a mulher vive diariamente e tenta manter a rotina de trabalho, já que é professora da escola rural Maria Pereira e percorre um trecho onde há pelo menos dois pontos onde pistoleiros podem montar tocaia e atacá-la.



Comissão visita mas não garante proteção





Diante da quantidade de denúncias de ameaças de morte contra a extrativista Laisa Santos Sampaio estava sendo ameaçada de morte a Equipe Técnica Federal do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos visitou a casa dela no Projeto de Assentamento Praialtapiranheira nesta quarta-feira (16) e constataram a denúncia.

Integraram esta equipe, que é vinculada à Secretaria de Direitos Humanos, a psicóloga Marcela Morais, a socióloga Camila Iumatti e o coordenador da equipe Luiz Marcos Medeiros Carvalho.

Em princípio o trabalho destes técnicos foi ouvir a extrativista. Quanto à proteção policial requerida por ela, em princípio ainda não tem nada definido o que sé deve acontecer em outro momento.

Os membros desta equipe não quiseram gravar entrevista, contudo Luiz Carvalho informou que um relatório será elaborado com base nas informações prestadas por Laisa Sampaio e posteriormente devem ser tomadas medidas para minimizar a situação.

Para Luiz Carvalho são várias as medidas protetivas entre elas a escolta policial, que para ele é o último recurso, tendo em vista que uma série de protocolos precisa ser cumprida até que seja definida esta proteção.

"Na verdade o mais interessante é atacar as causas do problema e não somente os efeitos”, comentou lembrando que o caso deve ser repassado diretamente à ministra Maria do Rosário, titular da Secretaria dos Direitos Humanos.

Por sua vez a extrativista Laisa Santos Sampaio não esconde de ninguém que teme que algo lhe aconteça, sobretudo pelo fato de ter sido marcado para o dia 3 de abril deste ano o julgamento dos três acusados de ter orquestrado e matado o cunhado, José Claudio e Maria.

“A gente sabe que as coisas não estão boas para o nosso lado, são vários recados, ameaças, pessoas estranhas rondando a nossa casa, por isso pedimos proteção, pelo menos nesse período que antecede o julgamento”, apela.



Acusado pode não ter matado casal





Entre as declarações da extrativista, Laisa Santos Sampaio, durante a entrevista à comissão, uma delas pode causar uma reviravolta no processo que envolve a morte do casal de extrativistas, José Claudio e Maria do Espírito Santo.

Ela disse que pelo menos cinco pessoas lhe informaram que um dos acusados presos, o Alberto Teixeira Lopes o Neguinho pode não ter matado o casal.

“Não é ele, infelizmente tem as mesmas características do acusado que foi visto dois dias antes de cometer o crime andando com um homem branco e que está solto”, comentou.
a das moradoras do assentamento lhe confidenciou que estudou com o acusado Alberto e que viu o outro acusado andando de moto com um homem branco que seria o Lindonjhonson Silva, irmão do acusado de ser o mandante do crime, José Rodrigues.

Coincidência, ou não consta no processo que Alberto Lopes foi identificado através de retrato falado. Ele está preso por ser condenado por assalto em Tucuruí e caso se confirme a informação da extrativista a acusação pode até pedir a absolvição dele durante o Tribunal do Júri, previsto para acontecer no dia 3 de abril deste ano.

Contudo, o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), advogado José Batista Gonçalves Afonso preferiu a cautela quando o assunto é comentar sobre a possibilidade de o acusado ser inocente deste crime uma vez que foi reconhecido.

“É preciso analisar com cuidado, pois ele foi reconhecido, mas caso surja elementos novos no caso não há problema algum em pedir a absolvição dele”, adianta.

Produção de cosméticos ajuda preservar a natureza


Em meio a um turbilhão de ameaças e incertezas a extrativista Laisa Santos Sampaio tenta sobreviver produzindo cosméticos artesanais.

A matéria prima é coletada na natureza, que ela tanto defende. Pra se ter uma ideia, na propriedade dela, de aproximadamente 50 hectares, tem pelo menos 80% preservados e que serve como uma espécie de depósito natural.

Desta mata ela coleta as sementes como a andiroba e que são utilizadas para produzir sabonete, líquido e em pasta, hidratante, repelente e uma pomada cicatrizante, que de tão boa é chamada “pomada milagrosa”.

“Então, mesmo com todas as dificuldades, provamos que é possível viver em harmonia com a floresta, produzir sem ser necessário derrubar a mata de forma indiscriminada e predatória”, ensina.

Os produtos são vendidos em feiras, convenções e encontros de trabalhadores rurais. “Onde chegamos somos bem vistos com os nossos produtos, pois são artesanais e sustentáveis”, conclui.


Trio de acusados julgado em Abril



O Juiz Murilo Lemos Simão, titular da Vara de Violência Doméstica e do Tribunal de Júri de Marabá, marcou para o próximo dia 03 de abril, o julgamento dos acusados do assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, crime ocorrido no dia 24 de maio de 2011, no Projeto de Assentamento Praia Alta Piranheira, município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará. O tribunal do júri ocorrerá no fórum de Justiça de Marabá.

Figuram como acusados José Rodrigues Moreira, seria o mandante, o irmão dele Lindonjhonson Silva e Alberto Lopes Teixeira, o Neguinho, estes seriam os executores.

Os advogados Wandergleisson Fernandes e Arnaldo Ramos Barros Júnior, defendem os dois irmãos, enquanto Carlos Fernando Guiotti patrocina a defesa do Neguinho. Os três advogados defendem a tese de negativa de autoria.

Segundo nota enviada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que deve atuar como assistente de acusação, outros dois envolvidos não foram incluídos no processo. São os pecuaristas de prenomes: Gilvan e Gilsão.

Os nomes destes dois acusados teriam sido citados durante diálogo entre José Rodrigues e outro irmão dele identificado pela alcunha Dedé.

José Rodrigues teria pedido para que o Dedé conversasse com Gilsão e Gilvan providenciasse o mais breve possível dois advogados, senão ele, José Rodrigues “abria o bico”.

A CPT entende que estes dois pecuaristas teriam interesse em mandar matar o casal de extrativistas.

José Rodrigues e Maria do Espírito Santo discordavam do modelo de reconcentração fundiária que estava em andamento dentro do Projeto de Assentamento Praia Alta Piranheira.

José Rodrigues teria comprado três lotes e criava bois na área, contudo, José Claudio assentou por contra própria três famílias, abrindo assim uma contenda entre José Rodrigues e o casal de extrativistas.

Trechos dos diálogos



“Vê se tu vai na casa de Gilvazin e conversa com ele pessoalmente. Tu fala com ele, que ele sabe por que eu to conversando com ele, que ele providencia advogado e bota ai, por que senão vai pegar pra ele também e fala pra Gilsão também", "por que se eu cair (...), se eu cair eu entrego eles dois", "pois é, tu conversa com eles, que eles aciona advogado ai em Marabá, pra botar ai, (...) que o culpado é mais ele, ele Gilvan e Gil, ele se lasca", "ele sabe quem é os culpados nisso tudinho, ele sabe ... e o culpado é .... o Gilvan sabe também, é ele, Gilvan...”.

Por conta desta conversação a CPT acredita que Gilvan e Gilsão tinham interesse em mandar matar o casal de extrativistas.

Ainda de acordo com a nota emitida pela CPT, a reconcentração fundiária, ou seja, a venda de lotes em assentamentos seria uma das causas do duplo homicídio.

A entidade entende que o INCRA, de certa forma favorece o mandante do crime, visto que José Rodrigues seria dono de 150 hectares no Assentamento Agro-Extrativista Praia Alta Piranheira. Em metade da área comprada já residiam 03 famílias, José Rodrigues tentou expulsá-las e não conseguiu devido o apoio de José Cláudio e Maria a elas. Em razão disso, José Rodrigues decidiu mandar matá-los. Após o assassinato do casal, as três famílias continuaram sendo ameaçadas, sem proteção da polícia, decidiram sair dos lotes.

Com isso José Rodrigues se apossou destes lotes e colocou pessoas da família dele para assegurar os lotes. A situação foi denunciada ao Superintendente do INCRA pela FETAGRI, STR de Nova Ipixuna, Associação do Assentamento e pela CPT, mas, o INCRA, até então não retomou os lotes.

A CPT denuncia ainda que ao mesmo tempo que o Incra se negou em retomar os lotes, despejou recentemente pequenos lotes de filhos de assentados que já residem no assentamento há vários anos.


Condenação esperada


Os familiares do casal e os movimentos sociais confiam na condenação dos acusados pelo corpo de jurados e que o juiz estipule a pena máxima para os condenados que poderá chegar a 60 anos de prisão.

De outra parte os acusados podem fugir do Crama, caso sejam condenados uma vez que as fugas são constantes. A nota informa ainda que um dos acusados,

O acusado Alberto Lopes fugiu em novembro do ano passado, sendo recapturado logo em seguida.



Advogados apostam na inocência


Indubitavelmente o julgamento dos três acusados deve atrair os holofotes da imprensa nacional e até mundial haja vista a ampla cobertura que foi dada a quando do duplo assassinato.

Mas independentemente do espaço que a mídia destinar ao caso os advogados de defesa, Carlos Guiotti, Wandergleisson Fernandes e Arnaldo Ramos Barros Júnior acreditam e apostam na inocência dos clientes deles.

Guiotti informou, em outra ocasião, que Neguinho não estava em Marabá quando aconteceu o crime, e sim trabalhava em um município marajoara.

Por sua vez, Barros e Fernandes dizem e atestam várias vezes que o telefone do Lindonjhonson e que foi interceptado, recebeu chamada no dia e horário do crime na localidade de Maracajá. “Logo ele não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo”, contextualizam dizendo também que nos autos não há prova cabal da participação dos dois irmãos no crime.

Pelo contrário, segundo Arnaldo Barros, há vários vídeos que o próprio José Claudio falava que estava sendo ameaçado de morte por madeireiros.

“Nos autos não há ninguém que prove, ou ateste que foram os acusados os autores do crime, pelo contrário o próprio José Claudio dizia que estava sendo ameaçado por madeireiros”, concluem.





Coletiva seletiva pode ser realidade em Marabá



Visando implantar sistema de coleta seletiva de lixo em Marabá, iniciou esta semana negociações e conversações com catadores, associações e empresas interessadas em realizar esse trabalho.
Esta é uma das missões da Secretária de Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) à frente o vereador licenciado Leodato da Conceição Marques.
O encontro antecipa um mutirão de limpeza que deve acontecer neste sábado (19) de janeiro, quando a Prefeitura pretende recolher ao aterro sanitário somente o resíduo inservível, esperando, com isso, reduzir o volume de lixo e também propiciar renda para os catadores e compradores de material reciclável.
De acordo com Leodato Marques os comerciantes estão desperdiçando resíduos valiosos, que podem ser reaproveitados.
Ele sugeriu a adaptação de lixeiras seletivas, visando facilitar a coleta pelos vendedores de material reciclável, enquanto o lixo comum será depositado num container a ser coletado pelo serviço de limpeza pública.
O titular da Semsur informa também que esses containers não precisam transbordar. “Tão logo estejam cheios é só ligar para a secretaria que um carro vem coletar o material e colocar outro contêiner vazio”, comenta.
Trata-se de um modelo inicial de gestão de limpeza que, de acordo com o resultado, será estendido para toda a cidade. Além dessa iniciativa, a SEMSUR está criando o Departamento Conscientização Ambiental, Sustentabilidade e Mobilização, que dentre outras funções servirá de elo entre a administração municipal e as associações de bairros, escolas e toda a sociedade organizada, com vista a uma correta destinação de resíduos e consequente melhoria da qualidade de vida dos marabaenses.