segunda-feira, 28 de abril de 2014

Latrocidas matadores de odontólogo presos

Neemias orientava comparsas via rede social

 








Ronivon disse que deu "mata leão" em vítima



Valdione foi contatado para vender carro

Objetos roubados da vítima localizados com acusados


Carro do Calixto Yaghi foi localizado em estrada vicinal



Um dos acusados se envolveu em assassinato de comerciante grávida em Ourilândia do Norte







Quando a Polícia quer prender ela prende. É fato. Tanto que dois casos de grande repercussão aconteceram neste mês de abril em Marabá e pelo menos acusados foram presos. No início do mês o advogado George Antonio Machado foi assassinado na Folha 10 e o odontólogo, Calixto José Yaghi, 66 anos, morto no feriado da Semana Santa.

Neste último caso, trata-se de um latrocínio do qual Calixto Yaghi foi vítima. Ele foi morto por estrangulamento, na casa dele, na Folha 30, Nova Marabá, tendo como acusados: Ronivon Dias de Sousa, 18 e um adolescente de 17 anos.

Seriam estes dois acusados, que mantinham um relacionamento homoafetivo com a vítima. Os outros dois acusados, o técnico de meio ambiente de uma siderúrgica, Neemias Lopes da Silva e o cadeirante Valdione Francisco da Silva teriam agido como receptadores.

Competiu ao Neemias o papel de orientar os dois primeiros comparsas de como eles deveriam fazer para gastar o dinheiro da vítima, já que estavam de posse dos cartões bancários do Calixto Yaghi.

A tarefa de vender o carro, um Voyage da vítima, competiu ao cadeirante Valdione da Silva, que fizeram alguns contatos com interessados no carro, mas não conseguiu vende-lo em tempo hábil, e todos acabaram presos.

Os dois primeiros acusados ficaram de ser atuados por latrocínio, já que foram apontados pela Polícia como sendo os homicidas, enquanto os outros dois acusados, o Neemias e o Valdione, devem ser atuados por recepção dolosos. 

As prisões aconteceram neste final de semana em Marabá, depois que os juízes Elaine Oliveira Neves e Eduardo Antonio Martins Teixeira expediram os mandados de prisões.



Golpe de MMA matou dentista


O odontólogo Calixto José Yaghi, 66 anos foi morto no dia 16, na casa dele, na Folha 30, Nova Marabá. Um golpe o “mata leão”, oriundo do Mixed Martial Arts (MMA) que sufoca a vítima até que esta desmaie foi usado pelo acusado Ronivon Dias de Sousa para matar a vítima.

Ele confessou ter aplicado este golpe na vítima, mas negou que tivesse a intenção de matar o odontólogo. Contou que na verdade, quem matou o odontólogo teria sido o adolescente de 17 anos.

O plano inicial seria deixar a vítima amarrada dentro da casa e ambos iriam gastar o dinheiro do odontólogo, pois o Ronivon de Sousa não só tinha acesso aos cartões bancários, como sabia a senha, contudo o adolescente não se conteve e depois de o Ronivon ter aplicado o “mata leão”, o adolescente concluiu o estrangulamento até que o odontólogo estivesse morto.

Logo após o crime, os dois acusados apanharam o carro da vítima e foram até uma casa de uma tia de um deles, onde apanharam uma enxada. Ato contínuo, retornaram até a casa do odontólogo, onde colocaram o corpo dentro do carro e rumaram em direção á BR-155 sentido Eldorado do Carajás.

Quando chegaram ao assentamento 26 de março, zona rural de Marabá, entraram em direção ao Campus Rural do IFPA e sepultaram o corpo numa cova rasa.

Em seguida retornaram para Marabá e como se nada tivesse acontecido, fizeram compras com o cartão da vítima, em uma Drugstore, inclusive suplemento alimentar, já que os dois acusados são fisiculturistas.


Nos dias subsequentes ao crime, ainda segundo informações da Polícia os acusados fizeram várias compras, inclusive o abastecimento do carro do técnico em meio ambiente, Neemias Lopes da Silva.

Aliás, este, segundo a Polícia, foi o responsável em orientar os outros acusados quanto à forma correta de gastar o dinheiro da vítima, pois Ronivon e adolescente, não sabiam como usar os cheques, no que foram orientados a depositar tais cheques em contas de terceiros.

Competiu ao acusado Valdione da Silva, tentar vender o carro, ele, inclusive, aconselhou aos acusados que guardassem o carro numa estrada vicinal até que o caso esfriasse para que ele pudesse vender o automóvel. O carro foi localizado numa estrada vicinal, próximo à aldeia Parkatêjê, em Bom Jesus do Tocantins.

Inclusive, tão logo o crime foi denunciado à Polícia, investigadores liderados pelos delegados Ricardo Oliveira do Rosário, Rayrton Carneiro Santos e Simone Felinto iniciaram as buscas e na Sexta-feira da Paixão o carro já constava como interditado, o que dificultou a venda do veículo.

Os acusados, em verdade, deixaram para trás um rastro enorme de pistas, como celulares que foram usados, cartões e cheques do falecido, que foram expedidos no mercado local, bem como diversos outros vestígios.

Uma fonte segura da Polícia informou que o caso estava praticamente esclarecido, desde a última segunda-feira (21), contudo faltavam as decretações das prisões preventivas dos acusados no que foram concedidas neste final de semana.

A partir daí, como numa espécie de efeito dominó, um a um foi preso em Marabá. Os dois primeiros acusados. O Ronivon e o adolescente de 17 anos ficaram de ser autuados por latrocínio e ocultação de cadáver, enquanto Neemias da Silva e cadeirante Valdione da Silva devem ser autuados por receptação dolosa. (E.S.)


Acusado e vítima mantinham relacionamento recente 


O acusado de ser latrocida, Ronivon Dias de Sousa, 18, confessou à Polícia, que mantinha um relacionamento homoafetivo com o odontólogo José Calixto Yaghi, 66 anos há cerca de dois meses antes de tê-lo matado.

Contou ainda que dias antes do crime, convidou o adolescente de 17 anos, também acusado de co-autoria no latrocínio, para ir até a casa do odontólogo. Na casa, consumaram o crime.

Vale lembrar, porém que a Policia, preliminarmente identificou que um dos suspeitos seria Rebson Pires Sá, que também teria um relacionamento homoafetivo com Calixto Yaghi, mas posteriormente foi descartada a participação dele no crime.

Chamou a atenção de investigadores o fato de aparentemente haver promiscuidade entre acusado e vítima, uma vez que se conheceram há bem pouco tempo e o odontólogo permitiu que ambos frequentassem a casa dele.

Pra se ter uma idea, o acusado Ronivon de Sousa era vigilante noturno e fazia rondas na Folha 30, ocasião em que conheceu a vítima e fora convidada a entrar na casa.

Com certa intimidade e liberdade, o acusado passou a convidar o adolescente e ambos teriam articulado a morte da vítima.

Reincidente – Nunca é demais lembrar que o acusado Ronivon de Sousa é reincidente na prática de latrocínio.

Ele teria matado uma comerciante, em 2013, que inclusive estava grávida, crime que aconteceu no município de Ourilândia do Norte.

Chegou a cumprir medida sócio-educativa no Centro de Internação do Adolescente Masculino, mas atualmente estava em liberdade, contudo tinha de assinar, mensalmente, uma frequência no Fórum de Marabá.

Nos últimos dois meses o acusado não estava cumprindo com a obrigação, mas na última sexta-feira ele se deslocou até o Fórum de Marabá onde acabou sendo preso, pois a Justiça já tinha decretado a prisão preventiva dele.

A partir da prisão dele, os outros acusados foram presos, bem como praticamente todos os objetos roubados do odontólogo foram recuperados. Todos foram presos e estão à disposição da Justiça. (E.S.) 


Mandante do assassinato do sindicalista Dezinho julgado



Fazendeiro e madeireiro Décio José Barroso Nunes, conhecido como Delsão, é acusado de ser o principal mandante do crime. O julgamento acontece 14 anos após o crime.

O caso já foi analisado pela OEA, será acompanhado por organizações nacionais de direitos humanos e pela Coordenação do Programa Nacional de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos da Presidência da República

O fazendeiro e madeireiro Décio José Barroso Nunes, Delsão, acusado de ser o principal mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, o Dezinho, vai a júri popular nesta terça-feira, dia 29/04, em Belém, no Pará. Dezinho foi morto por pistoleiros em 2000. Na época, ele presidia o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará.

Em dezembro de 2010, o governo brasileiro assinou um acordo com a Organização dos Estados Americanos (OEA) assumindo sua responsabilidade pela morte e se comprometendo a implantar diversas políticas públicas Relacionadas a luta pela reforma agrária.

O julgamento contará com a presença de observadores das organizações nacionais de Direitos Humanos Justiça Global e Terra de Direitos, além de representantes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Advogados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SDDH) farão a assistência de acusação, nesse que é um dos julgamentos mais importantes na luta pela responsabilização de latifundiários que violam direitos humanos no Pará.

O pistoleiro acusado de matar Dezinho, Welington de Jesus Silva, foi julgado e condenado a 27 anos de prisão, mas está foragido. Logo após o assassinato, Décio José foi preso, mas foi colocado em liberdade dias depois por decisão de um desembargador do Tribunal de Justiça de Belém. O madeireiro possui inúmeras serrarias e fornos de fabricação de carvão, quase todas em terras públicas , no entanto, o Governo não adotou nenhuma medida contra essa ocupação ilegal.

Após a morte, a viúva de Dezinho, Maria Joel Dias da Costa, Dona Joelma, assumiu a direção do sindicato no lugar do marido, apoiando a luta de famílias sem terra pela desapropriação dos latifúndios improdutivos em Rondon do Pará, e por isso, também passou a ser ameaçada. 

Há anos está inserida do Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos e vive sob escolta policial. Dona Joelma tornou-se uma grande lutadora de direitos humanos, tendo recebido diversos prêmios nacionais e internacionais. 

Desde 2005 ela integra o grupo de Defensores de Direitos Humanos da organização internacional Front Line e em 2012 esteve em Bruxelas na Bélgica para prestar um depoimento junta à Delegação da União Européia e Parlamento Europeu sobre a violência contra trabalhadores e defensores de direitos humanos no Pará.
Conflitos na terra

Apenas 8% dos casos de assassinatos em conflitos agrários são julgados no Brasil. Só no Pará, desde 1996, mais de 200 pessoas foram assassinadas. E quase mil pessoas são ameaçadas de morte. Veja um quadro sobre os casos que foram a julgamento e a situação atual:

Júri Mandantes Situação atual

Caso João Canuto Oito mandantes condenados Todos foragidos
Caso Expedito Ribeiro Um (1) mandante condenado Perdoado judicialmente (indulto)
Caso Fazendo Ubá Mandante condenado Prisão domiciliar
Caso Massacre de Eldorado dos Carajás Dois (2) mandantes condenados Cumprindo pena
Caso Brasilia Um (1) mandante absolvido
Caso Dezinho Um (1) mandante absolvido
Caso Zé Cláudio e Maria Um (1) mandante absolvido
Caso Irmã Dorothy Dois (2) mandantes condenados Um cumpre pena e outro aguarda julgamento de recurso