terça-feira, 27 de novembro de 2012

O espetáculo da morte


Quem cobre a crônica policial em Marabá se depara com uma situação incômoda nas cenas criminosas: a grande presença de curiosos em volta de um corpo.
Na grande maioria dos casos, estas pessoas, estão alheias ao que de fato motivou o crime, e demonstram mais preocupação com a forma que a vítima foi morta, se por muitos, ou poucos tiros, ou facadas.
A dor fica mesmo para os parentes, que choram a morte do ente querido, sendo que estes mesmos curiosos poderiam ajudar a Polícia a descobrir quem e porque aquela pessoa foi assassinada.
Pelo contrário, estes curiosos especulam os motivos da morte. E, se a vítima teve o passado nebuloso, ou foi envolvida em crimes, a morte dele soa como um sossego para a sociedade.
É muito comum sermos indagados: Morreu com quantos tiros? A vítima era pessoa de bem? Ou senão: Neste final de semana teve quantas mortes?
Tais perguntas revelam o quanto a morte está banalizada. Um homicídio significa para muitos um espetáculo da morte.
Outro dia ouvi a colega Leydiane Silva (TV Fox) soltar a seguinte frase: “Estou cansada de fazer matéria só de um lado, a Polícia não prende ninguém”.
O desabafo da colega tem sentido, pois enquanto os “anjos da morte” agem à vontade, pouco, por parte da Polícia, ou Justiça é feito para pelo menos tentar prender os autores de tais crimes. Se a Polícia indica, a Justiça não decreta a prisão.
E os curiosos, que se aglomeram em volta dos corpos alegam que não ajudam a Polícia, pois temem serem os próximos alvos.
Ou quando algum acusado de homicídio é preso, logo é solto pela Justiça, ou fogem das frágeis cadeias de Marabá e neste triste contexto vivemos nós, alvos móveis, pois poderemos tombar a qualquer momento pelos ágeis dedos leves que atuam em Marabá diariamente.

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