quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Advogado nega tocaia de sem terra

O advogado José Batista Gonçalves Afonso, que defende os interesses dos sem terra que estão acampados na fazenda Itacaiúnas, negou que o confronto entre sem terra e seguranças da empresa Atalaia,  tenha sido uma tocaia e um episódio premeditado.
As duas partes se engalfinharam no dia 29 de dezembro do ano passado, no retiro Lajinha. Desta refrega resultou no baleamento do segurança Jeverson Dantas Félix e um sem terra de prenome Francisco. A fazenda pertence à Agro Santa Bárbara.
O advogado contou que no dia 24 de dezembro, um grupo de sem terra, composto por oito pessoas, saiu para coletar castanha do Pará nos fundos da propriedade.
O grupo foi em um carro. Naquele mesmo dia, a escolta armada reprimiu os trabalhadores. Houve um confronto, sendo que dois sem terra se embrenharam no mato e não retornaram para o acampamento.
Ainda de acordo com o advogado, no dia seguinte, outro grupo de sem terra foi até a sede da fazenda para conversar com os seguranças e saber onde estariam os dois sem terra.
Neste contato, ainda de acordo com José Afonso, os trabalhadores foram obrigados a tirar as roupas a fim de que fossem revistados, pois poderiam estar armados e novamente houve clima de tensão entre ambas as partes.
Naquela ocasião, pediram para que o carro fosse devolvido e não foram atendidos e os dois sem terra continuavam desgarrados.
Ocorrência – Em função deste conflito, o trabalhador rural sem terra Manoel Floriano Gomes, no dia 27 de dezembro, registrou ocorrência onde relatou, na Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá, o que aconteceu na fazenda Itacaiúnas.
Naquela ocasião ele contou que os dois sem terra não tinham retornado ao acampamento e disse que tinha havido uma refrega entre sem terra e a escolta armada, bem como o carro que dirigiam não havia sido devolvido e que esperava providências.
No dia 29, ainda de acordo com José Afonso, como o carro não havia sido devolvido, os sem terra não tinham retornado, um grupo de nove sem terra rumou em direção ao retiro Lajinha.
Desta feita o grupo, para tentar evitar um novo conflito, contornou a propriedade e entrou pelos fundos da fazenda num total de mais de vinte quilômetros.
Após o dia inteiro de buscas na área, os sem terra não localizaram os “companheiros” e optaram em acampar num barraco abandonado já que era noite e por volta das 22 horas.
Ocorre que neste momento, se aproxima uma camionete e o sem terra de prenome Francisco sai do barraco para ver quem se aproximava e de acordo com o advogado José Afonso e alvejado com uma descarga de balins.
Ato contínuo, os sem terra, que costumeiramente andam com espingardas “por fora”, revidaram ao fogo, sendo que o grupo dispersou e culminou com o baleamento do sem terra e do segurança.
Por fim, o advogado disse que a tese de emboscada não deve prevalecer, uma vez que o barraco onde os sem terra estavam ficou crivado de balins.
“Essa conversa de que os seguranças atiraram pra cima é potoca, agora esperamos que eles devam ser indiciados e não os trabalhadores como é costume”, comenta.
A reportagem tentou contato com a advogada Brenda Santis, mas não houve retorno, contudo, a quando do episódio a empresa se pronunciou a respeito do assunto e alegou se tratar de uma emboscada contra os seguranças.
Este conflito está sendo investigado pelo delegado Rodrigo Paggi. Na manhã de terça-feira foram ouvidos três sem terra e os líderes sindicais: Maria Elza Gomes da Silva, Maria Dalva do Nascimento Pereira e Manoel Floriano Gomes, estes mesmos foram indiciados por esbulho possessório, dano e formação de bando, ou quadrilha a quando da ocupação da sede da fazenda no início do mês de dezembro.

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