terça-feira, 21 de maio de 2013

Índios continuam interdições de rodovia


Índios interditam rodovia e exigem saída de Danielle Cavalcante






Na manhã desta terça-feira (21), índios do sul e sudeste do Pará ocuparam a rodovia BR-153, à altura da aldeia Suruí Sororó, em São Geraldo do Araguaia, no sudeste do Pará.

Os protestos iniciaram na última sexta-feira (17), ocasião em que ocuparam a rodovia BR-222, nos limites da Aldeia Mãe Maria, dos Índios Gavião, em Bom Jesus do Tocantins.

Os índios protestam contra a permanência da executiva Danielle Cavalcante à frente do Distrito Guamá Tocantins (Guatoc), vinculado ao Ministério da Saúde e responsável pelo atendimento em saúde dos índios de oito polos. No Brasil há 34 Distritos.

A executiva estaria deixando de atender aos índios além de tratá-los com desdém durante uma reunião em Belém e que teria desafiado os silvícolas e que estes não teriam força para tirá-la do cargo.

Não é de hoje que o clima é de tensão entre índios e a executiva. Segundo o vereador índio, Ubirajara Nazareno Sompré (PPS), uma das lideranças da ocupação, nos últimos cinco meses os índios tentaram, de todas as formas dialogar com a executiva e com o Ministério da Saúde quanto à saída de Danielle Cavalcante do cargo, contudo todos os esforços foram em vão.

“Ela bate no peito e diz que não temos força para tirá-la do cargo, sabemos que ela (Danielle Cavalcante) foi indicada por deputados federais do PT do Pará, mas ela não serve para administrar um recurso que é nosso, portanto deve ser investido na saúde dos índios”, protesta Ubirajara Sompré.

“São pelo menos R$ 13 milhões para ser aplicados este ano na saúde indígena, sabemos que foram gastos R$ 11 milhões e não vemos melhoria para o nosso povo”, acrescenta dizendo que em várias aldeias faltam médicos, enfermeiros, dentistas e até medicamentos básicos.

Contou ainda que Danielle Cavalcante tirou a médica e o dentista que atendiam quase 5 mil indígenas na região, assim como a aeronave que dava apoio aos índios Xicrin, que moram dentro da reserva de Carajás e ainda encerrou o plano funerário.

Ele conta que, nas últimas duas semanas, as lideranças estiveram em Brasília denunciando o caso aos órgãos responsáveis, mas ninguém tomou providências por isso eles resolveram radicalizar.

Ubirajara adverte que os protestos devem se acirrar ainda mais, pois caso não haja uma decisão quanto à exoneração da executiva do cargo os índios pretendem ocupar a Estrada de Ferro Carajás (EFC).

Para o cacique Edinaldo Tembé, Danielle Cavalcante é o que se pode chamar de uma autentica ditadora. “Ela não prestou contas dos recursos, assedia moralmente os funcionários da Secretaria de Especial de Saúde Indígena (Sesai)”, salienta o líder indigenista.

Concita Sompré, líder feminina indigenista disse que Danielle Cavalcante não tem a menor condição de continuar à frente do cargo.

“Não aceitamos, não queremos, ela é ditadora, não atende aos índios”, comentou informando que há dois odontomóveis em Belém e que os veículos não estão sendo usados por absoluta falta de licenciamento dos documentos.

“Vamos continuar protestando, pois não aceitamos, ela não serviu para atender ao homem branco, foi exonerada pela governadora Ana Júlia e já mostrou que não serve para administrar a saúde dos índios”, conclui Ubirajara Sompré.

Apesar da ampla visibilidade que a imprensa deu à ocupação da rodovia, o Ministério da Saúde não se pronunciou a respeito do assunto.

Nenhum comentário: