quarta-feira, 1 de junho de 2011

Empresários madeireiros tentavam burlar Sisflora


Madeireira em Nova Ipixuna foi multada dez vezes em três anos


Ibama duas madeireiras em Nova Ipixuna

Fazendo parte do pacote de ações desencadeadas pelo Ibama em Nova Ipixuna, o órgão ambiental embargou duas madeireiras, além de aplicar multa na ordem de R$ 548 mil.
Neste município, na terça-feira 24, foram assassinados o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva 54 e Maria do Espírito Santo da Silva 53, que eram assentados no Projeto Agroextrativista Praialta Piranheira (PAEX).
A fiscalização nas empresas florestais acontece paralelamente às ações no PAEX, onde desde último sábado (28), ocasião em que destruiu dezenas de fornos ilegais de carvão e multando assentados que se associaram a madeireiros para a exploração ilegal de madeira.
Uma das madeireiras embargadas, a A M.P. Torres Ltda, multada três vezes pelo Ibama em 2010, estava com o pátio vazio, mas tinha 348 m3 de madeira em tora de crédito na sua conta no Sisflora, o sistema eletrônico que controla a comercialização de produtos florestais no Pará. Acabou novamente autuada, em R$ 108 mil.
“A quantidade de madeira no Sisflora deve ser o mesmo existente na madeireira, caso contrário a empresa pode usar este crédito para esquentar madeira de origem ilegal, como ocorre com a que é retirada do assentamento Praialta-Piranheira, por exemplo”, disse o analista ambiental Marcelo Lira, que conduziu a fiscalização.
Na terça-feira (31), os fiscais encontraram os mesmos ilícitos na Madeireira Bel Monte Ltda, também autuada 10 vezes pelo Ibama entre 1997 e 2010. Desta vez, porém, a diferença entre a madeira no pátio e no sistema de controle estadual era maior.
A empresa possuía apenas 48 m3 de madeira no estoque, e mais de mil m3 em créditos ativos no Sisflora. Acabou multada em cerca R$ 330 mil e em mais R$ 100 mil por inserir informação falsa no sistema de controle ambiental.
“Durante a noite de segunda-feira, depois que os fiscais haviam deflagrado a ação nas madeireiras, a empresa tentou baixar todos os créditos excedentes na sua conta no Sisflora, forjando uma venda do saldo a uma serraria em Jacundá”, explicou Lira.
O analista ambiental Marcelo Lira acrescentou que as duas madeireiras também descumpriam exigências das licenças ambientais da secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará, e não entregavam relatórios anuais de atividades e nem comprovavam a destinação correta dos resíduos produzidos. (Com informações da Ascom Ibama)


Aperto a madeireira acontece há uma semana




O Ibama intensifica a fiscalização em Nova Ipixuna há uma semana. A operação foi desencadeada logo após o assassinado do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva 54 e Maria do Espírito Santo da Silva 53 assassinados numa emboscada na vicinal Maçaranduba, no último dia 24 de maio.
Cerca de 20 agentes federais da operação “Disparada” permanecem por tempo indeterminado. A primeira ação aconteceu no sábado (28), onde os fiscais localizaram o corpo do agricultor Eremilton Pereira dos Santos, de 25 anos, morto a tiros, às margens do igarapé Ipixuninha, no Projeto Agroextrativista Praia Alta Piranheiras.
Na ação, dois tratores foram apreendidos e os fiscais identificaram 13 pontos de extração seletiva de lenha e madeira, 14 áreas desmatadas e 120 fornos em atividade para a produção ilegal de carvão vegetal.
O órgão ambiental alerta que os assentados se associaram com madeireiras ilegais e contribuíram para o desmatamento será denunciado ao Incra e poderá ser excluído do Programa Nacional de Reforma Agrária, além de ter todos os fornos de carvão vegetal destruídos.


Ambientalistas fizeram pacto em defesa da natureza



Caso um dos ambientalistas fosse assassinado a intenção seria que o sobrevivente seguisse a vida em defesa da natureza. O pacto foi firmado entre José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, mortos no dia 24, em Nova Ipixuna.

O amor era tamanho pela natureza que ambos conservavam 80% da propriedade totalmente intactos. A área servia de estudos para diversos órgãos nacionais e internacionais.

Por conta dessa preservação, associada às constantes denúncias que faziam em relação ao desmatamento no Projeto de Assentamento Agro Extrativista Praialtapiranheira (PAEX) o casal de ambientalista granjeou um leque de adversários.

Delegados da Polícia Federal e Civil investigam a morte do casal, porém são cautelosas ao comentar o caso e por enquanto não atribuem quem seria o mandante e por qual motivo o crime foi consumado.

O delegado adjunto da Polícia Civil do Pará, Rilmar Firmino de Souza, contudo tirou uma conclusão lógica: “Quem matou o casal, sabia exatamente que eles iam passar na ponte naquele horário”, comentou.

José Claudio e Maria do Espírito Santo seguiam numa moto pela vicinal Maçaramduba, no PAEX e reduziram para passar numa precária ponte.

A manobra, com certeza contribuiu para facilitar o trabalho dos pistoleiros que estavam numa moita próxima da ponte.

“Ninguém iria esperar, ou montar uma tocaia num lugar onde a vítima não passaria, portanto com certeza os pistoleiros sabiam que o casal iria passar naquele local e naquela hora”, acrescenta.

O delegado fundamenta afirmação dizendo que o caminho usado pelos dois ambientalistas não era muito usado por eles, ou seja, seria uma rota alternativa e que os pistoleiros tomaram conhecimento prévio e montaram a tocaia.

A primeira testemunha a chegar no palco do crime, nome não fornecido para a imprensa, contou ao delegado que ouviu quatro disparos de arma de fogo e correu para ver o que tinha acontecido e constatou que José Claudio ainda agonizava.

No inquérito conduzido pela PC, foram ouvidas 10 pessoas, enquanto a PF já ouviu 5 pessoas, mas devem ser ouvidas pelo menos mais dez testemunhas, que de alguma forma pode contribuir para elucidar os homicídios.

Rilmar Firmino disse que a investigação é bastante complexa uma vez que não há uma testemunha ocular, mas apenas vagas informações a respeito de duas pessoas numa moto vermelha saindo da vicinal Maçaranduba.


“Uma coisa podemos afirmar, os dois casos vão ser esclarecidos”, sentencia lembrando que há bons indícios que podem levar aos autores e os mandantes. 






Nenhum comentário: