terça-feira, 21 de junho de 2011

Reviravolta no caso dos extrativistas: José Claudio e irmãos envolvidos em homicídio




Manoel: "Meu irmão foi assassinado e ninguém nos ajudou"

Mãe suplicou para filho abandonar lote

Pelado morreu com tiro de fuzil

José Claudio poderia ter envolvimento no caso



O colono Manoel Ribeiro de Souza 27 anos, denunciou esta semana que o falecido extrativista José Claudio Rodrigues da Silva e dois irmãos dele Claudemir e Francisco, o Marabá, mataram Edilon Ribeiro de Souza, o Pelado 23, irmão de Manoel.

O crime aconteceu no dia 18 de setembro de 2009, quando estava no lote 17 no assentamento Mamona em Nova Ipixuna. O motivo seria um terreno de oito alqueires que Marabá disputava com o Pelado.

Por conta deste depoimento os dois irmãos de José Claudio podem ser indiciados por homicídio, conforme informou uma fonte segura da Polícia. Claudemir e Marabá já foram ouvidos preliminarmente a respeito deste caso.

O crime – De acordo com Manoel Ribeiro, Pelado disputava o lote 17 do assentamento Mamona com o Marabá, cuja propriedade era de apenas oito alqueires, sendo que cada um deles ficaria com quatro alqueires cada.

Dois dias antes do crime, Marabá, segundo o depoimento dele à Polícia e à reportagem, Marabá teria dito a uma mulher identificada por “Imaculada” que iria fazer uma surpresa ao Pelado, que insistia em ficar no lote.

No dia do crime, por volta das 6h30 da manhã, Manoel seguia com o irmão, Pelado, a mulher deste, Angélica Gomes da Silva e um primo identificado pelo prenome Edinho. Os três seguiam por uma trilha em direção ao barraco do Pelado.

Alguns metros antes de chegar no barraco, Pelado percebeu que a casa estava aberta e pediu para que esperassem enquanto ele iria ver o que tinha acontecido. Enquanto isso, Manoel de Souza, ficou cerca de 15 metros de distância da casa.

Logo em seguida disse ter ouvido a seguinte frase pronunciada pelo Marabá: “Eu não falei para você não vir mais aqui, pois já ganhei no Incra a questão da terra”.

Em seguida ouviu um disparo de arma de fogo e em princípio imaginou que fosse o irmão dele que tivesse atirado, porém quando seguiu para a casa foi interceptado pelos três irmãos.

Ele descreveu a seguinte cena: José Claudio portava uma pistola calibre 380, Marabá carregava uma espingarda calibre 20, enquanto Claudemir estava com um rifle calibre 44, ou calibre 38. Teria sido este ultimo que ameaçou lhe atirar, porém Marabá disse para não atirar, pois Manoel seria apenas trabalhador do Pelado.

“Disse que era filho do Vicente, dono da ilha das Cobras, que é muito conhecido na região, por isso me deixaram ir, não fui até a casa para ver o corpo do meu irmão”, narra.

José Claudio e a esposa dele, Maria do Espírito Santo foram mortos no dia 24 de junho deste ano, no Projeto de Assentamento Praialta Piranheira (PAEX) em Nova Ipixuna.

Quanto a esse crime, família de Pelado descartou qualquer envolvimento, inclusive, ao contrário do que aconteceu com eles, esperam que seja solucionado e os envolvidos presos. “É uma grande injustiça, o que fizeram com o meu irmão, mas nem por isso desejamos mal aos parentes deles”, comentou Manoel.


Crime ficou sem registro algum


Somente depois de toda a repercussão em torno da investigação que apura o duplo homicídio ocorrido no PAEX a família do colono Edilon Ribeiro de Souza se armou de coragem e denunciou o assassinato.

Pra se ter uma idéia, até então o caso estava em completo anonimato, inclusive, a mãe do pelado, Maria do Socorro Ribeiro de Souza comentou que tentou registrar ocorrência do assassinato, mas tiveram dificuldades.

As dificuldades marcam essa família desde o crime. O corpo do Pelado foi removido pelos próprios familiares, pois na época não tiveram apoio do IML.

Somente depois que removeram o corpo do assentamento Mamona até Itupiranga é que uma equipe do IML foi apanhar o corpo para ser necropsiado em Marabá, segundo informou Manoel de Souza. O laudo apontou que ele foi morto com um tiro na têmpora direita, sendo que o projétil de calibre 38.


Manoel Ribeiro de Souza, disse que deve depor nesta quarta-feira em Nova Ipixuna, uma vez que na época do crime procurou a delegacia de Itupiranga, porém não conseguiu registrar ocorrência e quando foi até Nova Ipixuna foi ameaçado de morte e acabou não registrando a ocorrência.

Contou ainda que nenhuma entidade de defesa dos direitos humanos lhe procurou para tomar conhecimento do caso e agora espera que a Polícia reabra o caso a fim de que os envolvidos sejam responsabilizados.


Polícia investiga irmãos de José Claudio



Por conta desse depoimento de Manoel Ribeiro de Souza, irmão do Pelado, a Polícia investiga se de fato, Francisco e Claudemir tiveram participação neste homicídio.

Uma fonte segura informou que ambos foram ouvidos em Nova Ipixuna e negaram qualquer tipo de envolvimento, contudo apontaram uma quarta pessoa, cujo nome a fonte não quis repassar.

Por ocasião da morte do casal de extrativistas, conta a fonte, os dois irmãos de José Claudio se abstiveram de prestar depoimento no caso, o que causou uma grande intriga nos policiais.

Como este caso causa uma grande comoção, a Polícia foi informada deste crime cuja vítima foi o Pelado, porém em princípio um caso não se relaciona com outro, à exceção da possível participação de José Claudio na morte do Pelado

O advogado José Batista Gonçalves Afonso, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acompanha a investigação do duplo homicídio, informou tanto José Claudio, quanto aos irmãos, não têm a ver com a morte do Pelado.

Informou ainda que ambos os casos não têm relação alguma e que não é prudente relacioná-los. Garantiu que já os apresentou em outras ocasiões e deve fazê-lo assim que for novamente convocado.



Fazendeiro desapareceu do PAEX


A respeito da investigação do duplo homicídio contra o casal de extrativistas, José Claudio Rodrigues da Silva 54 e Maria do Espírito Santo da Silva 53, que segue em sigilo, por determinação do juiz substituto da 5ª Vara Penal, Murilo Lemos Simão, a reportagem apurou que um dos suspeitos, José Rodrigues, simplesmente desapareceu do PAEX.

O crime ocorreu no dia 24 de junho e José Rodrigues foi visto, no dia 26, transitando pela vicinal Maçaramduba, local onde o casal foi assassinado. Naquele dia, peritos do Centro de Perícias Científicas de Marabá realizavam perícia no local.

Desde então ele desapareceu daquela área misteriosamente, apesar de ter uma propriedade no local. José Rodrigues, segundo matéria veiculada no início do mês de junho, no Estado de São Paulo, teria motivos para mandar matar o casal de extrativistas.

Um negócio mal resolvido envolvendo vendas de terras entre José Claudio e José Rodrigues teria sido o estopim para o desentendimento.

Como a investigação tramita em segredo de Justiça o delegado responsável pelo caso, José Humberto de Melo Júnior não comenta nada a respeito do assunto.

Dois pistoleiros teriam matado o casal de extrativistas. Até o fechamento desta edição, não se tinha informações a respeito da identificação de ambos, ou se tinha algum pedido de prisão preventiva de ambos.   


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