segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Bilhete sugere pagamento de propina para fuga no Crama

Bilhete insunua facilitação para fugas de presos em Marabá







Quem diria que um dia o crime organizado em Marabá chegasse a um nível tão ousado. É exatamente isso o que se percebeu durante a fuga de cinco detentos esta semana do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama) em Marabá.

Pra se ter uma dimensão da ousadia, detentos escrevem bilhetes e sugerem pagamento de propina para conseguir fugir e saltam muros em plena luz do dia.

“Mano é o seguinte tô com 10 mil na mão se o senhor tiver a fim coloco o dinheiro na sua mão. Quero só que o senhor facilite pra mim e mais outros pular o muro”, reza trecho de bilhete que foi localizado dentro do Crama nesta quinta-feira.

Em seguida o bilhete acrescenta: “Se o senhor tiver a fim entre em contato”, o detento descreveu no bilhete o número de um telefone celular para que pudesse ser localizado.

O bilhete foi encontrado em uma das celas do “Pavilhão A” desta casa penal e coincidentemente após a fuga de cinco detentos, na quarta e quinta-feira. (Ver Box).

Todos os fujões são acusados de tráfico de drogas. Um deles é Laércio Pereira da Conceição.

Para quem não se lembra o foragido é acusado de matar o também acusado de ser traficante, Fabiano de Oliveira Matos, crime ocorrido no final do mês de outubro do ano passado.

Fuga – Segundo Boletim de Ocorrência registrado pelo diretor desta casa penal, Emmett Alexandre da Silva Moulton, todos os cinco detentos cumpriam pena no regime fechado.

As fugas aconteceram na quarta e quinta-feira. Os detentos saltaram o muro do solário do “Pavilhão A”. Nesta guarita estava o soldado “Samir” de sentinela, segundo informou o diretor.

Por seu turno o comandante da 26ª Zona de Policiamento Militar, o major Denner Eudes Favacho da Rocha informou que deve ser aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) a fim apurar responsabilidade.

Para ele, se não houve participação, ou facilitação, no mínimo o policial negligenciou, uma vez que só percebeu a fuga quando Laércio da Conceição fugia por uma mata que circunda o Crama.

A reportagem levantou, contudo, que a fuga do acusado Laércio da Conceição foi descoberta por volta das 15 horas e somente depois de uma “chamada geral” se detectou que outros quatro detentos também fugiram.

Ainda a respeito da fuga o soldado Samir contou ao major Favacho que no solário do “Pavilhão A”, há um “ponto morto” o que dificulta a visibilidade e que ainda chegou a efetuar um disparo de alerta quando Laércio estava fugindo, entretanto não conseguiu impedir a fuga.



Mata que cerca o Crama deve ser retirada




A mata que cerca boa parte do Crama, segundo o diretor desta casa penal, Alexandre da Silva Moulton deve ser retirada em breve e todo o perímetro deve ser iluminado a fim de dificultar as fugas e ocultação de detentos.

“Posso até ser multado pelo Ibama, mas vamos tirar a mata, pois serve de esconderijo”, comentou Emmett Moulton, sem contudo entrar no mérito da fuga dos presos.

“Agora é correr atrás para tentar recapturar os foragidos”, acrescenta dizendo que vem tentando implementar um método de trabalho ostensivo a fim de evitar as fugas.

Não é de hoje que a imprensa regional noticia fugas nesta casa penal. A superpopulação carcerária, seguramente é um dos ingredientes que contribui para as fugas.

Há 16 anos, o Crama foi construído e tinha a previsão de abrigar no máximo 180 detentos, atualmente tem mais de 500. O projeto inicial era para custodiar presos provisórios que passariam o dia trabalhando na agricultura e à noite dormiriam nas celas, entretanto se transformou em cadeia de custódia permanente.


Fujões


Antonio Denis Costa Correa
Edson Pereira da Silva
Francisco Sousa da Silva
Laércio Pereira da Conceição
Rômulo Cristian Correa da Silva




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