quarta-feira, 2 de abril de 2014

Enquanto brigam por poder, estudantes passam fome em Marabá


Durante sessão da última terça-feira (1o), entre os assuntos debatidos pelos vereadores de Marabá foi a suposta falta de merenda escolar.

Entre os revoltosos, o vereador José Sidney (PSDB). “Esse assunto vem incomodando. Não podemos sair na rua que todo mundo cobra a merenda. Há um ano e três meses o governo assumiu a gestão da educação e não podemos mais aceitar desculpa de problemas com a licitação”, desabafou.

Para ele, estão brincando com os vereadores. “Somos culpados por não ajudar a resolver o problema. Aqui, o que a gente faz é pedir e não somos atendidos. O governo tem de resolver o problema da merenda, o recurso vem e há crianças que só vão para a aula por causa da merenda”, argumenta.

A vereadora Vanda Américo (PSD), que por várias vezes tocou no assunto, lembrou que não seria produtiva uma reunião apenas entre vereadores e o secretário de Educação, mas com outros entes, como prefeito, secretário, coordenador do departamento de merenda escolar para que se compreenda a gravidade do problema e sejam sugeridas formas de solucioná-lo.

Américo revelou que a Semed chegou a enviar petas "Chilitos" para a merenda de um Núcleo de Educação Infantil, fato que, segundo a vereadora, aconteceu na última sexta-feira (28), e pelo menos 40 pacotes do produto para o referido NEI. O caso  foi denunciado para o Ministério Público. “Estão debochando das nossas crianças pobres, que precisam da merenda”, pontuou.


Por fim, Vanda disse que a Câmara não pode aceitar mais um ano e meio de desculpas em relação à licitação e avisou que vai ingressar com procedimento na Justiça Federal para que a Prefeitura resolva o problema da merenda o mais breve possível.

O vereador Pedro Correa (PTB), que faz parte da Comissão de Educação da Câmara, disse que participou de várias reuniões para discutir a merenda escolar com a Secretaria de Educação. 

“A atual gestão introduziu o turno intermediário e não tem merenda nesse período do almoço, o que é grave. Vamos orar pelo futuro secretário de Educação, porque temos certeza que a competência dele vai ajudar a solucionar esse problema”, concluiu Pedrinho se antecipando a uma provável mudança na Secretaria de Educação.

Até mesmo quem é da base do governo, como o vereador índio Ubirajara Sompré (PROS), presidente da Comissão de Educação, reconheceu que esse é um problema que tem que ser resolvido o mais breve possível. “Temos de estar mais ‘lincados’ nisso, já reunimos com o pessoal da merenda, cobramos e pensamos que a situação estava resolvida. Temos de cobrar mesmo", comentou.


"Nos informaram que em relação à licitação, as empresas que perderam recorreram. As crianças vão para a escola pensando na merenda. Temos que dar uma solução, e que a alimentação volte a ser oferecida para nossas crianças”, advertiu Ubirajara.

Igualmente da base governista, o vereador Guido Mutran (PMDB) se mostrou surpreso e disse que imaginava que o assunto já tivesse sido resolvido. “Não podemos nos limitar à denúncia. Cada colega tem que ter a responsabilidade de atuação. As crianças não podem ser penalizadas. O importante é que se encontre uma solução, caso contrário, a evasão escolar vai aumentar", comentou.

O vereador Orlando Elias (PMDB), além do problema da falta de merenda escolar, trouxe à tona, outra situação não menos grave que seria a falta de pagamento de transporte escolar rural.

“Os donos de ônibus estão há quase 15 dias sem receber os valores, temos de saber o que está ocorrendo. Não acredito que seja um problema de licitação. E a merenda, quando é fornecida, é de péssima qualidade”, atacou.

O líder do governo na Câmara, vereador Pedro Souza (PROS), reconheceu que vem ocorrendo problemas com falta de merenda escolar em algumas escolas, e explicou que isso ocorreu porque a empresa que ganhou a licitação deixou de entregar alguns produtos e muitos alunos acabaram penalizados. 

Contudo, garantiu que ainda esta semana o problema deve ser resolvido. “O prefeito João Salame também ficou irritado quando soube da falta de merenda em algumas escolas e exigiu que o caso seja solucionado urgentemente”, informou Pedro Souza.

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