quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sem terra cobram punição para matador



Dia 22 de setembro de 2014, final de tarde, fazenda Gaúcha, em Bom Jesus do Tocantins, sudeste do Pará e mais um confronto rural registrado e que culminou com a morte de dois trabalhadores rurais sem terra, Jair Cleber Alves dos Santos, 50 e Agnaldo Ribeiro de Queiroz, 47 anos. Naquele mesmo conflito saíram feridos os sem terra: Daniel Silva, Mateus Sousa Oliveira e Antonio Alves, o “Antonio Buchudo”.

E por conta deste crime, sem terra que estão acampados na fazenda Gaúcha protestaram durante toda a terça-feira, ocasião em que interditaram a BR-222 em sinal de protesto e cobrança de punição ao então gerente da fazenda, Reginaldo Aparecido Augusto, o “Neném”.

Seria este acusado o autor do duplo homicídio, ou senão, teria comandado uma equipe de funcionários da fazenda durante um confronto que terminou com as duas mortes e total destruição da sede da fazenda.

Contudo, desde o crime, pouco, ou quase nada mudou na vida dos sem terra que pleiteiam a fazenda Gaúcha, propriedade rural localizada a cerca de cinco quilômetros do centro de Bom Jesus e que pertence à Jacundá Agro Industrial Ltda, já que a situação fundiária deles permanece a mesma, pois o imóvel ainda não foi desapropriado e nem criado o Projeto de Assentamento. 

A federação dos Trabalhadores na Agricultura, regional Sudeste, alega que a propriedade é terra da União e que o Incra de Marabá peticionou na Justiça Federal de Marabá, Ação Civil Pública que tramita na 2ª Vara Federal da Justiça, desde 2010 e que visa a arrecadação da propriedade para fins de reforma agrária, contudo, até o fechamento desta matéria a Justiça ainda não tinha decidido a respeito do processo.

Desde 2008 que os sem terra pleiteiam a fazenda, sendo que nos últimos quatro anos ocuparam o imóvel e praticamente se assentaram em lotes de 8 alqueires. Atualmente moram cerca de 500 famílias.

A época do confronto, o funcionário da fazenda, trata-se de André Santos de Sousa, o “Neguinho” foi preso e autuado pelo delegado Alexandre do Nascimento Silva, por tentativa de homicídio e porte ilegal de armas, contudo acabou sendo libertado pelo juiz Murilo Lemos Simão dos dias após.

Ainda a respeito deste caso, o delegado Alexandre do Nascimento pediu a prisão preventiva do gerente da fazenda Reginaldo Augusto, contudo o pedido foi indeferido pelo mesmo juiz e desta forma o acusado segue livre, para descontentamento geral dos sem terra.

Este processo segue, uma vez que na semana passada uma equipe da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca) se deslocou para ouvir alguns trabalhadores rurais acerca do crime.

O protesto dos sem terra encerrou no final do dia sem ter acrescentado nada a mais ao processo e, claro causou transtornos a motorista que desejavam passar pela BR-222, que ficou interditada por mais de dez horas.

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