quinta-feira, 26 de maio de 2011

Consumidor é responsável
pelo desmatamento

Ativista alerta para a preservação ambiental  

Durante seminário de preservação ambiental realizado em novembro do ano passado o ambientalista José Claudio Ribeiro da Silva 54, morto a tiros na manhã da última terça-feira (24) alertava para o desmatamento que estava ocorrendo no assentamento Praialta Piranheira e dizia que poderia ser assassinado.


O vídeo circula na Internet. Abaixo uma compilação dos principais trechos do diálogo dele a uma platéia formada principalmente de ativistas e ambientalistas do mundo todo.

“O PAEX, quando foi criado em 97, havia uma cobertura vegetal de 80%, formada principalmente por castanha do Pará e cucupaçu e atualmente, existe apenas 20% de floresta fragmentada. Essa devastação teve a contribuição indireta do Distrito Industrial de Marabá.

É um desastre para quem vive do extrativismo. Vivo com uma bala na cabeça, posso morrer a qualquer momento, pois eles acham que não devo existir.

Tenho medo, mas o meu medo não me cala cala, sou filho da floresta, dependo da dela, quando vejo uma árvore dessas em cima de um caminhão me dá uma dor. É como se fosse um cortejo fúnebre de um ente querido. É uma vergonha, não se tem uma ação contundente para impedir.

Sou castanheiro desde os sete anos, estou industrializando a castanha no meu lote, retiro o óleo, rico em selênio (antioxidante importante que protege as células contra os efeitos dos radicais livres) e o resíduo é aproveitado na culinária. A produção está indo para o mercado.

A CPT, UFPA e CNS estão me comprando esse óleo, agregando valor, pois tudo o que existe na floresta é rentável. Tudo pode ser revertido em renda, se a coisa está preta, faço cesto e vendo, e ela (castanheira) continua lá e continuo sobrevivendo dela.

Quando for comprar alguma madeira, procure a origem, só assim a gente vai conseguir frear os desmatamentos, se você disser não, o mercado vai enfraquecer e fechar, agora enquanto existir clientes que comprem coisas ilegais da floresta o desmatamento vai continuar.

A floresta é viável em pé, não tem custo, na minha propriedade produzo, aproveito a madeira que a natureza derruba e quando cai uma árvore, planto outra. Então é sustentável infinitamente, pois quando se derruba só tem recurso uma vez.

Será que esse é o futuro da Amazônia, a destruição, então é preciso refletir e vermos qual o nosso papel neste planeta”, conclui.  


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