A camponesa, Maria do Espírito Santo da Silva 53, esposa de José Claudio Ribeiro da Silva 54 queria ser famosa, mostrar ao mundo que é possível viver da floresta sem ter que desmatar e acabou conseguindo em parte o objetivo, porém alcançou fama por morte, tendo em vista que o mundo todo noticiou a morte dela e do marido José Claudio Ribeiro da Silva.
Ambos foram assassinados na manhã da últlima terça-feira, quando circulavam pela vicinal maçaramduba, no assentamento Agro Extrativistas Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna.
Ambos foram assassinados na manhã da últlima terça-feira, quando circulavam pela vicinal maçaramduba, no assentamento Agro Extrativistas Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna.
Recentemente um documentário foi exibido pela Record em nível nacional e mundial, o casal também foi alvo de matéria exibida no Globo Rural, assim como protagonizaram um documentário dirigido pelo professor Evandro Medeiros, coordenador do Pronera.
Ela é o que se podia chamar de uma mulher obstinada. Concluiu, via Pronera, o curso de Pedagogia e ainda este ano iria ser realizada a festa de colação de grau. Recentemente ela defendeu a tese cujo tema foi: preservação ambiental.
De tanto defender a natureza, acabou entrando em rota de colisão com diversos setores e pode ter granjeado, ao longo dos 25 anos de atuação em Nova Ipixuna, diversos inimigos.
A fama, que Maria do Espírito Santo se referia a vizinhos de assentamento, tinha um único foco: provar que é possível viver da floresta de forma sustentável.
Ela, juntamente com camponesas do Praia Alta Piranheira encampava projeto de aproveitamento de sementes e óleos vegetais que seriam destinados à indústria cosmética e á culinária.
Enfim, de tanto perseguir esse objetivo, o casal enfrentou madeireiros, fotografavam os caminhões carregados de madeira, sobretudo a castanha do Pará, cujo corte é proibido por lei e pode ter sido morto por conta desta luta em defesa da natureza.
De outra parte, o que se vê, nessa região, que historicamente despreza as pessoas humildes, salvo quando são mortas, é uma grande movimentação do estado em torno da apuração do caso.
Nestes momentos sobram recursos, policiais altamente experientes na elucidação de crimes de pistolagem, como o delegado Rilmar Firmino de Souza, um dos poucos policiais civis do Pará que tem estrutura própria de investigação.
Este mesmo aparato bem que poderia ser disponibilizado quando um simples colono procura as delegacias para denunciar que está sendo ameaçado de morte, geralmente tem o desprezo como resposta.
União de esforços para elucidar crimes
O delegado Luiz Fernandes Rocha comentou ontem pela manhã que deve ser montada uma força tarefa para tentar esclarecer o duplo homicídio que aconteceu na manhã de terça-feira (24) tendo como vítimas os ambientalistas, José Claudio Ribeiro da Silva 54 e a esposa dele, Maria do Espírito Santo da Silva 53.
A declaração foi dada durante entrevista coletiva aos principais veículos de comunicação de Marabá. As investigações devem ser conduzidas pelo delegado geral adjunto Rilmar Firmino de Souza.
Uma equipe de investigadores desembarcou em Marabá, onde devem ser centrados os trabalhos. “É difícil falar alguma coisa neste momento, estamos ouvindo algumas pessoas, mas é questão de tempo para localizarmos os envolvidos”, garante.
De outra ponta, a Polícia Federal, se antecipou e não esperou comunicado oficial a cerca da orientação do Ministério da Justiça e ontem mesmo coletava as primeiras informações a respeito do caso.
Em princípio a investigação deve ser conduzida pelo delegado Robert Nunes, que ontem manteve contato com o delegado regional, Alberto Henrique Teixeira de Barros a fim de “trocarem informações” a respeito do caso.
“Na verdade, tudo o que vier somar é bem vindo”, comentou Luiz Rocha lembrando que uma considerável estrutura em âmbito de Polícia Civil está sendo destinado a fim de esclarecer quem está por trás desse duplo homicídio.
Secretário de segurança não sabia das ameaças
Durante a entrevista, o delegado Luiz Fernandes Rocha deixou claro que não havia registro oficial das ameaças de morte contra o ambientalista José Claudio Ribeiro da Silva e a esposa dele, Maria do Espírito Santo da Silva, mortos nesta terça-feira (24) em Nova Ipixuna.
“Vasculhamos o nosso sistema e não há registro, mas isso não é primordial neste momento o que mais interessa é esclarecer quem matou e porque matou o casal”, comenta.
“É sempre assim quando é assassinado um companheiro nosso vem a cúpula do estado, alguém diz que não tinha conhecimento das denúncias, quando o correto seria a prevenção destes crimes”, comentou José Batista, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O casal foi velado no bairro São Félix, na rua Floriano Peixoto. Ambos devem ser sepultados no Cemitério da Saudade, na Folha 29, Nova Marabá.
Entidades que militam na área de Direitos Humanos e de luta pela posse da terra, organizam um ato ecumênico, seguido de um ato público onde pretendem cobrar séria apuração deste caso.
Ambientalista sentia morte chegar
O crime, para muitos sindicalistas foi anunciado, tanto pelo ambientalista, José Cláudio Ribeiro da Silva e a esposa dele, Maria do Espírito Santo da Silva.
Pra se ter uma idéia, durante seminário realizado em Belém, José Claudio foi um dos debatedores e comentou que a qualquer momento poderia ser assassinado.
“Vou pra cima mesmo, defendo a natureza, enfrento os madeireiros e sei que a qualquer momento posso ser assassinado”, dizia.
A reportagem levantou que no dia 16 de abril deste ano, José Cláudio ofereceu a terra dele, para o pecuarista e ex-vice-prefeito de Nova Ipixuna, Adão Lima de Jesus o Adãozinho.
Naquela ocasião, o ambientalista teria dito que as ameaças de morte tinham se intensificado e que ele precisaria sair urgentemente de Nova Ipixuna.
Mais recentemente, José Claudio ofereceu a terra dele ao ex-prefeito, José Pereira de Almeida, o Zezão (PT). “As ameaças estão cada vez mais fortes, preciso ir embora senão morro”, teria comentado.
Em maio do ano passado, Maria do Espírito Santo, procurou a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Marabá onde denunciou que dois homens procuraram José Claudio e disseram que queriam consertar uma corrente de moto.
Naquela ocasião, José Claudio não estava em casa e Maria da Silva desconfiou que os dois seriam pistoleiros, pois logo em seguida foram embora a moto em que estavam não apresentou nenhuma pane.
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